Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-553

TÍTULO: RELATO DE CASO DE SCHWANNOMA VESTIBULAR EM PACIENTE COM OTITE MÉDIA CRÔNICA

AUTOR(ES): MARILIA VILAS BOAS REIS , GIULLIANO ENRICO RUSCHI E LUCHI, MIKAELLY PEREIRA COSER, PEDRO HENRIQUE TRAVAGLIA LARGURA, RAPHAEL PAIVA FURTADO, WAGNER HAESE BARROS

INSTITUIÇÃO: ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA – EMESCAM

INTRODUÇÃO: O Schwannoma Vestibular (SV) é um tumor benigno das células de schwann. Corresponde de 2 a 7% dos tumores intracranianos , responsável por cerca de 80% dos tumores do ângulo pontocerebelar (APC) . A incidência anual é de 10:1.000.000 de casos, porém devido ao grande número de casos assintomáticos, as taxas reais podem ser mais expressivas.

OBJETIVO: O objetivo deste relato foi o de alertar para a inclusão do schwannoma vestibular como diagnóstico diferencial dos pacientes que apresentam como queixa principalmente hipoacusia e tinnitus, lembrando sempre também dos sintomas mais raros: tontura, dor facial, cefaléia, disfunção de pares cranianos e outras disfunções neurológicas graves.

RELATO DE CASO: Paciente masculino, 38 anos, com histórico de Otite Média Crônica(OMC) bilateral e que havia sido submetido à mastoidectomia radical modificada com melhora do quadro. Cinco anos após a cirurgia, evoluiu com piora da hipoacusia e tinnitus em ouvido esquerdo. Apresentava otoscopia normal e audiometria tonal com disacusia condutiva bilateral. Foi submetido a uma TC com contraste evidenciando lesão expansiva multilobulada, que foi confirmada pela RM. O paciente foi encaminhado ao serviço de neurocirurgia, onde foi submetido a procedimento cirúrgico para exérese da lesão pela via de acesso retrossigmóidea. O histopatológico da peça evidenciou diagnóstico de schwannoma. Paciente evoluiu no pós-operatório com discreta seqüela motora e parestesia em membro superior esquerdo e referiu melhora dos limiares auditivos no pós-operatório.

DISCUSSÃO: Segundo a literatura o SV é mais comum em mulheres entre 50 e 60 anos de idade, dado este que não corrobora com o nosso caso que era um paciente do sexo masculino e apresentou diagnóstico aos 38 anos.As queixas que geralmente levam o paciente à primeira consulta são a hipoacusia e os tinidos, concordando com o nosso caso.

Segundo a série de Matthies et Samii o nervo coclear esta comprometido em 95% das vezes, concordando com o nosso relato que apresentava alterações clínicas como as acima citadas.

Nos estudos os métodos de eleição para o diagnostico do SV são a TC e a RNM, sendo que o segundo apresenta uma ligeira vantagem por ser mais sensível. Porém a TC é excelente para definir as relações do tumor com as estruturas ósseas do APC, auxiliando no planejamento cirúrgico. No nosso caso foi realizada inicialmente a TC devido à história de OMC e a persistência da queixa de hipoacusia que evidenciou uma lesão expansiva de 3,5 x 4,3 x 3,0 cm em região de APC comprimindo discretamente o tronco encefálico, tornando então desnecessária a realização do BERA e sendo posteriormente realizada uma RNM para melhor avaliação da lesão.

O tratamento de escolha foi a exérese tumoral devido a tratar-se de paciente jovem e tumor de grande volume que comprimia discretamente o tronco cerebelar.  A via de acesso optada foi via retrossigmóidea, que geralmente é a via de escolha dos neurocirurgiões principalmente quando se trata de tumores grandes, onde é realizada a craniotomia posterior ao seio sigmóide e incisão da dura-máter ao longo da margem posterior deste seio. Esta via possui como vantagem o fato de poder ser utilizada para qualquer volume tumoral, possibilita a preservação da audição e é a única via que permite a exploração do APC sem lesar estruturas do ouvido interno.

CONCLUSÃO: Concluímos, portanto a importância de se atentar para a inclusão do SV como diagnóstico diferencial dos pacientes que apresentam como queixa principalmente hipoacusia e tinnitu.

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