Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-545

TÍTULO: REDUÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM PACIENTES COM SAOS TRATADOS COM FARINGOPLASTIA LATERAL

AUTOR(ES): CAROLINA FERRAZ DE PAULA SOARES , LUCIANA MOREIRA ALMEIDA, CLAUDIA GUERRA DE SOUSA SILVA, LUCIANO RENATO CAVICHIO, MICHEL BURIHAN CAHALI

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO

INTRODUÇÃO: Uma das conseqüências mais importantes da síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS) é o aumento do risco cardiovascular e a maior incidência de hipertensão arterial. Entre os fatores associados à SAOS citam-se a história familiar, obesidade, aumento da circunferência cervical e roncos, fatores também associados a hipertensão arterial sistêmica (HAS).

As conseqüências agudas da apnéia  podem afetar a regulação da pressão arterial por mecanismos neurais e humorais. Os pacientes com SAOS tem atividade simpática aumentada, diminuição na sensibilidade dos barorreceptores, hiperresponsividade vascular e alteração no metabolismo do sal e água, que podem contribuir para a elevação da pressão arterial. Acredita-se que a ausência do descenso noturno seja um marcador de lesão em órgãos-alvo de pacientes hipertensos, e em pacientes normotensos sua ausência ainda é objeto de estudo.

O único tratamento da SAOS já estudado quanto a alteração dos níveis pressóricos foi o aparelho de pressão aérea positiva contínua – CPAP (continous positive airway pressure) não havendo estudos com resultados de tratamentos cirúrgicos. Os resultados dos estudos com CPAP são controversos, alguns evidenciam piora, e outros redução das médias pressóricas. Em meta análise de 16 estudos, obteve-se redução de 2,46 mmHg de pressão sistólica média nas 24 horas e 1,83 de pressão diastólica média nas 24 horas. A Faringoplastia Lateral demonstrou benefícios clínicos e polissonográficos no tratamento da SAOS podendo ter bons resultados no controle de pressão arterial.

OBJETIVO: Comparar a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) de 24h em pacientes portadores de SAOS antes e 6 meses após serem submetidos à faringoplastia lateral.

METODOLOGIA: Avaliar através da MAPA as alterações da pressão arterial (pressão arterial média - PAM, média da pressão sistólica e diastólica nos períodos diurno e noturno e presença do descenso noturno) no pré-operatório e após seis meses de cirurgia de uma amostra de 16 casos consecutivos de pacientes voluntários submetidos a faringoplastia lateral. 

RESULTADOS: Houve redução da PAM nas 24h em 73,3% dos casos, variação média de -2,58 mmHg. Também houve reduções significativas das médias da pressão sistólica em 24 horas de 4,73 mmHg e da pressão diastólica em 24 horas de 2,40 mmHg.  Houve acentuação do descenso noturno, principalmente da pressão sistólica noturna, com redução de 5,80 mmHg. No pré-operatório 6 pacientes tinham alterações do descenso noturno, passando para apenas 3 pacientes que mantiveram alterações do descenso no pós-operatório. Encontrou-se uma redução média do IAH de 15,29 eventos por hora (p=0,017).  Também foi observada redução da escala de ronco e escala de Epworth. A redução do IMC foi de 1,23 kg/m2 (p=0,015).

CONCLUSÃO: Redução nos valores da pressão arterial bem como presença e acentuação do descenso noturno em pacientes portadores de SAOS submetidos à faringoplastia lateral.

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