Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-533

TÍTULO: QUEIXAS DISFÁGICAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E NÃO INSTITUCIONALIZADOS

AUTOR(ES): TIAGO PAGANUCCI LODI, SULENE PIRANA, EVELIN TESSER, CAMILA SHINKAWA

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

INTRODUÇÃO: A expectativa de vida mundial tem aumentado, com o crescimento da população idosa, definida como sendo os indivíduos com idade superior a 60 anos, nos países em desenvolvimento . Estima-se que 70% a 90% dos indivíduos desta faixa etária apresente algum distúrbio da deglutição. Deglutição é o fenômeno complexo responsável pelo transporte do alimento da boca ao estômago, envolvendo estruturas anatômicas neuro-musculares orais, faríngeas, laríngeas e esofágicas. A disfagia  pode levar a diversas repercussões no organismo: complicações pulmonares, desnutrição e desidratação.

OBJETIVO: O trabalho foi desenvolvido visando comparar a incidência de queixas disfágicas em idosos institucionalizados e não-institucionalizados e, neste último grupo, comparar os idosos economicamente inativos e os ativos.

METODOLOGIA:Foram aplicados questionários a 150 voluntários com mais de 60 anos, sendo que, 50 destes encontravam-se institucionalizados (grupo A), 50 não-institucionalizados e economicamente inativos (grupo B) e outros 50 indivíduos não institucionalizados e economicamente ativos (grupo C). Ambos os grupos apresentavam composições semelhantes sendo 60% do sexo feminino.Foram questionados a respeito dos seguintes aspectos: dificuldade para engolir, engasgos com diferentes consistências alimentares, engasgo com a própria saliva, odinofagia, variação de peso corporal, mudança na alimentação, alteração paladar, alteração olfato, incidência de pneumonias e alimentar-se sozinho.

RESULTADOS: Engasgo com alimentos sólidos foi referido por 14% dos entrevistados, para pastosos 4% e para líquidos 11%. Odinofagia apareceu em 5% dos questionários, mudança na alimentação 16%, alteração do paladar em 11%, alteração do olfato em 7% e pneumonia em 6%. Apresentaram diferença estatística a um nível de 10%: dificuldade para engolir, variação do peso corporal, engasgo com a própria saliva e alimentar-se sozinho.Dificuldade à deglutição foi apontada por 12% dos idosos, sendo semelhante nos grupos A (18%) e B (16%) e menos frequente no C (2%).Variação ponderal foi citada por 42% dos entrevistados, sendo o emagrecimento em 25%. O grupo A foi o que teve mais idosos que emagreceram (42%), seguido pelo B (28%) e no C (4%). No grupo B 22% referiram ter engordado, 12% no C e 9% no A. A incidência de queixa de engasgo com a própria saliva foi semelhante entre os grupos A (22%) e B (18%) e muito menor no C (2%).A necessidade de um cuidador para a alimentação esteve presente nos grupos A e B em 16% e foi nula no grupo C.

CONCLUSÕES: Ao analisar os dados colhidos constata-se que as queixas de dificuldades para engolir, engasgos com a própria saliva e necessidade de um cuidador durante a alimentação em idosos economicamente ativos são menos frequentes em relação aos outros dois grupos, que apresentaram incidências semelhantes.A queixa de perda ponderal foi mais freqüente entre os indivíduos institucionalizados, com redução entre os economicamente inativos e redução ainda maior entre os indivíduos economicamente ativos. Considerando a queixa de ganho ponderal o grupo que sobressaiu-se foi o dos economicamente inativos em relação aos demais.Podemos estabelecer uma relação direta entre as condições gerais de saúde e situação econômica dos idosos e a freqüência de queixas disfágicas.

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