Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-524

TÍTULO: PRINCIPAIS ALTERAÇÕES TOMOGRÁFICAS EM PACIENTES COM RINOSSINUSITE CRÔNICA SUBMETIDOS A CIRURGIA ENDOSCÓPICA NASOSSINUSAL

AUTOR(ES): EDUARDO GARCIA , RAFAEL DIAS DE ALMEIDA MENDES, TIAGO CAVALCANTI DE CARVALHO SANTOS, ANA MARGARIDA BASSOLI CHIRINÉA, EDUARDO SPIRANDELLI

INSTITUIÇÃO: INSTITUTO CEMA DE OFTALMOLOGIA E OTORRINOLARINGOLOGIA

INTRODUÇÃO: A RSC (rinossinusite crônica) pode ser definida como um grupo de doenças caracterizadas pela inflamação da mucosa do nariz e seios paranasais por, no mínimo, 12 semanas. Os principais sintomas relacionados são obstrução nasal, dor ou pressão facial, tosse, rinorréia purulenta, cefaléia e hiposmia. O desenvolvimento recente da cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais (FESS), promovida por Messerklinger e Stammberger, associado aos avanços técnicos nos exames de imagem, permitiu-nos estudar melhor as variações anatômicas das fossas nasais e do complexo ostiomeatal na gênese da doença inflamatória nasossinusal. Entre os exames de imagem, a Tomografia Computadorizada (TC) tem se consagrado como o exame de escolha no diagnóstico das afecções nasossinusais, sendo também fundamental no planejamento cirúrgico dos pacientes. Este exame também revela precisamente as estruturas nasais e possíveis variações anatômicas. Porém, é criticado pela sua baixa especificidade.

OBJETIVO: O objetivo desse estudo é (1) verificar a prevalência das principais alterações anatômicas tomográficas nasossinusais de pacientes com diagnóstico de RSC que foram submetidos a cirurgia  endoscópica dos seios paranasais, e (2) avaliar o real impacto da TC dos seios da face na decisão terapêutica desses pacientes.

METODOLOGIA: Foram avaliados 46 pacientes com diagnóstico de RSC, tratados cirurgicamente no período de janeiro a setembro do ano de 2009. Foi realizado um estudo clínico retrospectivo. Os principais aspectos tomográficos investigados foram: 1) prevalência e distribuição de espessamentos mucosos nos seios da face, bem como o seu velamento completo por material com atenuação para partes moles; 2) alterações anatômicas como: desvio septal moderado e severo, concha média bolhosa, concha média paradoxal, conchas inferiores hipertróficas, células etmoidais infra-orbitarias (células de Haller) e Agner-nasi hiperpneumatizado.

RESULTADOS: O estudo incluiu 46 pacientes. Destes, 33 (71,7%) eram do sexo masculino e 13 (28,3%) eram do sexo feminino. A idade mínima foi 14 anos e a máxima, 64 anos, com média ponderada de 43,4 anos. Dentre as alterações anatômicas presentes, o desvio septal moderado e severo foi o mais freqüente, estando presente em 15 pacientes (32,6%), seguido pela concha média bolhosa (uni ou bilateral) em 12 pacientes (26,1%). Houve acometimento do seio maxilar (uni ou bilateral) por espessamentos mucosos e/ou por material com atenuação para partes moles em 80,4 % dos pacientes, seguido pelos seios etmoidal (63%), esfenoidal (43,5%) e frontal (41,3%).

CONCLUSÃO: A tomografia computadorizada é um exame fundamental no estudo da anatomia dos seios da face e das suas possíveis variações anatômicas, sendo fundamental no planejamento da cirurgia endoscópica endonasal. Neste estudo, o desvio septal e a concha média bolhosa foram as alterações anatômicas nasossinusais mais prevalentes entre os pacientes com RSC. Os seios maxilar e etmoidal foram os que apresentaram mais alterações tomográficas sugestivas de sinusopatia. A rinossinusite crônica, porém, não é causada unicamente por processos obstrutivos, mas principalmente por distúrbios intrínsecos da mucosa nasossinusal que alteram o clearance mucociliar. Portanto, a participação das alterações anatômicas nasossinusais na gênese da RSC ainda não esta bem definida. Novos estudos são necessários para estabelecer tal relação.

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