Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-518

TÍTULO: PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCO PARA APNÉIA DO SONO EM BRASILEIROS DESCENDENTES DE JAPONESES

AUTOR(ES): VERA LUCIA RIBEIRO FUESS , INGRID DE ALMEIDA BOTACIN, BIANCA DIAS, BEATRIZ FERREIRA, SHEILA CRISTINA HIRAMA, EVELYN MATSUDO, EDUARDO KINOSHITA

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

INTRODUÇÃO: A Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) é considerada um problema de saúde pública devido à sua alta prevalência e morbidade associada. Obesidade, sexo masculino, circunferência cervical aumentada, aumento da idade e características crânio-faciais são fatores de risco estabelecidos para o desenvolvimento de SAOS. Muitos estudos sugerem que a etnia também possa ser importante fator de risco na SAOS. Diversos estudos comparando SAOS em caucasianos e asiáticos revelam que asiáticos têm maior gravidade da doença quando pareados por idade, gênero e Índice de Massa Corpórea (IMC). Esta diferença na gravidade da SAOS entre diferentes etnias ainda não está esclarecida.

OBJETIVO: O IMC é reconhecido como uma importante variável independente para desenvolvimento de SAOS. Como o IMC em asiáticos em geral é mais baixo que o IMC de outras etnias é possível que, na ausência de obesidade pelos padrões caucasianos, a SAOS seja menos suspeita em pacientes asiáticos, causando uma falha diagnóstica nesta doença grave. Geralmente os asiáticos são avaliados como um grupo único e as comparações com caucasianos são principalmente entre portadores de SAOS. Decidimos estudar a prevalência de sintomas e fatores de risco para SAOS em japoneses e seus descendentes de um município brasileiro.

METODOLOGIA: Trata-se de estudo transversal de sinais e sintomas clínicos relacionados à SAOS em 196 japoneses e descendentes, do sexo masculino, entre 25 e 79 anos, escolhidos aleatoriamente. Investigou-se por questionário patologias clínicas, medicamentos de uso habitual, consumo de álcool, tabagismo, informações demográficas e antropométricas, presença de roncos e sintomas respiratórios associados, além de número de horas de sono por dia e presença de cochilos diurnos. A sonolência diurna foi investigada pela Escala de Sonolência de Epworth. Foi aferida a pressão arterial e medida a circunferência cervical.  

RESULTADOS: 10,2% dos 196 investigados declararam-se japoneses, 59,7% filhos e 30,1% netos de japoneses. Encontrou-se idade média de 50,5 ± 12,4 anos, IMC de 25,2 ± 3,3 kg/m2 e circunferência cervical de 39,4 ± 2,5 cm. Foram considerados roncadores habituais 77 indivíduos (39,3%). 54 indivíduos (27,5%) apresentaram escore à Escala de Sonolência de Epworth (ESE) equivalente a sonolência diurna excessiva (acima de 10). Apresentaram apnéias testemunhadas 29 indivíduos (14,8%). Foram considerados suspeitos de apresentarem SAOS os 8 entrevistados que apresentaram associação de ronco habitual, apnéias testemunhadas e SDE (4,1%). Encontrou-se 69 indivíduos hipertensos (35,2% do total).

CONCLUSÃO: Este estudo com 196 japoneses e descendentes de um município brasileiro observou prevalência de risco para SAOS de 4,1% concordando com valores de incidência de SAOS em diversos estudos mundiais independentemente da etnia. Foi considerado portador deste distúrbio os indivíduos que apresentavam a associação de ronco habitual, sonolência excessiva diurna e pausas respiratórias presenciadas. A população estudada apresentou alta prevalência de hipertensão arterial sistêmica (35,2%). Devido à pequena amostra de indivíduos considerados como sugestivos de apresentar SAOS (8 casos), não foi possível estabelecer relação desta afecção com aumento do IMC, da idade, alcoolismo ou com a presença de hipertensão arterial sistêmica.

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