Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-512

TÍTULO: PREVALÊNCIA DE ACHADOS VIDEOLARINGOSCÓPICOS EM PACIENTES PORTADORES DE DISTÚRBIOS VOCAIS E DEGLUTITÓRIOS ATENDIDOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

AUTOR(ES): LUDIMILA DE OLIVEIRA CARDOSO , MIGUEL EDUARDO MACEDO GUIMARÃES, APARECIDA REGINA BRUM, LUIZ AUGUSTO MIRANDA SANGLARD, LUCIANA DE PAULA VIANA, JOSÉ FELIPE BIGOLIN FILHO, AMADEU LUÍS ALCÂNTARA RIBEIRO

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

INTRODUÇÃO: O tema dos distúrbios vocais na pesquisa tem adquirido cada vez mais importância, pelo que a voz representa no bom desempenho do trabalho de profissionais da voz e na expressão de significados e. Os distúrbios da deglutição também se investem de importância, devido à mudança dos hábitos de vida da população brasileira

OBJETIVOS: observar a prevalência das queixas associadas à indicação das videolaringoscopias e dos achados relacionados às mesmas, em indivíduos adultos e estudar os fatores associados a estes distúrbios.

METODOLOGIA: estudo epidemiológico descritivo retrospectivo transversal observacional, através da análise de prontuários de pacientes maiores de 18 anos submetidos a telelaringoscopia direta com fibra rígida de 70°, entre agosto de 2008 e 2009, por  formulário preenchido pelo pesquisador, com dados do paciente, queixa principal e achados do exame. Os dados foram trabalhados nos programas Microsoft Office Excel e SPSS 13.0.

RESULTADOS: Dos 324 pacientes participantes da pesquisa, 66,4% são do sexo feminino o que, em comparação à proporção da população brasileira por sexo (50,88%), possui diferença significativa (p< 0,001); 74,1% declararam tabagismo (diferença significativa entre a prevalência de tabagismo no Brasil - 18,8% - p<0,001) e 78,5%, etilismo. A faixa etária mais encontrada (64,9%) foi maiores de 45 anos, sendo a média de idade dos pacientes de 50,4 (IC 95%: 48,77-52,02). Dentre as indicações dos exames, 67,8% foram por disfonia, 24,3% por pigarro, 4,1% por globus faríngeus, 5,0% por disfagia, 7,9% por odinofagia, 3,5% para controle pós-operatório de lesões de laringe; 0,6% pós Acidente Vascular Encefálico; 0,6% pós-traqueostomia; 3,4% de exames admissionais, 2,7% para controle de tratamento clínico de lesões da laringe; 1,2% pós-radioterapia, 1,5% por adenopatia ou nódulo cervical. Outras indicações de menor prevalência foram emagrecimento, otalgia, halitose, tosse crônica e hemoptoico. Para a realização do exame, 93,2% não necessitaram de lidocaína spray a 10%. Os principais achados foram: hipertrofia de pregas vestibulares (9,6%); cistos de retenção (1,5%); alterações em aritenoides (5,2%); paresia de pregas vocais (PPVV) (1,5%); paralisia de PPVV (2,8%); Refluxo Laringofaríngeo (69,8%), sendo 35,2% com paquidermia interaritenoidea, 65,7% com edema retrocricoideo e 2,7% com edema ou hiperemia de aritenoides. A presença de refluxo esteve associada ao sexo feminino (p=0,012).

Outros achados foram: fechamento glótico incompleto (41,6%); nódulos (4,3%); edema de Reinke (2,8%), pólipo vocal (1,2%); alterações estruturais mínimas (6,5%), sendo cisto encontrado em 2,5% dos pacientes; sulco em 1,2% e vasculodisgenesia em 2,8% dos mesmos. Foi encontrada leucoplasia (4,3%); papilomatose laríngea (0,6%); e lesão de aspecto infiltrante de pregas vocais (0,6%).

CONCLUSÕES: A prevalência de pacientes do sexo feminino que procuram atendimento para diagnóstico endoscópico é significativamente maior que os do sexo masculino. A prevalência de tabagismo entre os pacientes que possuem indicação clínica para a realização do exame é expressivamente maior que na população em geral. O sexo feminino se mostrou fator de risco para diversas alterações, como refluxo laringofaríngeo, nódulos vocais, edema de Reinke, alterações estruturais mínimas. A queixa mais prevalente foi disfonia (67,8%), seguida por pigarro (24,3%) e os diagnósticos mais freqüentes são refluxo laringofaríngeo (69,8%) e fenda vocal (41,6%).

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