Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-502

TÍTULO: POLICONDRITE RECIDIVANTE: RELATO DE CASO

AUTOR(ES): ISAMARA SIMAS DE OLIVEIRA , CÁTIA RODRIGUES DOMINGOS, LÍGIA OLIVEIRA GONÇALVES, LEANDRO FARIAS EVANGELISTA, ROBERTO EUSTÁQUIO GUIMARÃES

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DAS CLINICAS/UFMG

A policondrite recidivante é um transtorno sistêmico auto-imune incomum. Apresenta incidência de 3,5/1.000.000. A faixa etária acometida varia de 20 a 60 anos. Apresenta-se com episódios recorrentes de inflamação dos tecidos cartilaginosos. O diagnóstico é eminentemente clinico. O inicio clássico é de dor súbita e eritema envolvendo a cartilagem do ouvido externo, laringe/traquéia ou nariz. RELATO DE CASO: I.S.C., 61anos, masculino, pedreiro. Compareceu ao ambulatório de ORL-HC/UFMG queixando “problema no ouvido”. Paciente relatava hipoacusia bilateral e sensação de ouvido tampado há cerca de 5 anos. Inicio havia ocorrido com súbita dor, edema e eritema em ambas as orelhas, apresentando piora progressiva do quadro. Relatava acompanhamento com oftalmo devido a olho vermelho e dor ocular bilateral. Queixava artralgia em cotovelos, pulsos e tornozelos, recorrente, mas intensa à noite, sem relação com a atividade. Negava dispnéia ou disfagia. Ao exame físico apresentava septo nasal e pavilhão auditivo infiltrados com calcificação de cartilagem. Exames laboratoriais sem alterações. Foi solicitada audiometria e TC de ouvidos que mostraram perda auditiva mista a esquerda e estenose de conduto auditivo principalmente a E. DISCUSSÃO: A policondrite recidivante pode apresentar-se de formas clinicas distintas. A sobrevida em 5 anos de 74%. O óbito ocorre, geralmente, por comprometimento respiratório ou cardíaco. Os critérios diagnósticos (MacAdam e cols,1976) são: condrite auricular bilateral, poliartrite inflamatória soronegativa não erosiva, condrite nasal, inflamação ocular, condrite do trato respiratório, disfunção vestibular e/ou coclear, confirmação por biópsia da cartilagem. São necessários três ou mais dos achados clínicos para o diagnóstico. Nenhuma terapia mostrou modificar a história natural da doença. Pode-se usar AINEs, colchicina, dapsona em baixas doses para controle de sintomas leves. Nos casos graves podem ser usados corticóides em altas doses, metotrexato e ciclofosfamida. Quando há envolvimento laringotraqueal é indicado acompanhamento com laringoscopia e TC seriados. A traqueostomia é necessária para tratar sintomas de estenose subglótica. Não é recomendada reconstrução cirúrgica do septo nasal colapsado grande chance de recidiva após cirurgia. CONCLUSÃO: No caso apresentado trata-se de um paciente que preenche critérios clínicos para policondrite recidivante. Apresenta uma manifestação de curso benigno sem evidência clínica de acometimento visceral e de fácil manejo. Como a doença encontra-se estável não é necessário uso de medicação e pelo risco de recidiva e/ou reativação do processo inflamatório, optamos por observação clinica e controle das manifestações laríngeas.

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