Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-501

TÍTULO: POLICONDRITE RECIDIVANTE E OTORRINOLARINGOLOGIA

AUTOR(ES): GUILHERME MACHADO DE CARVALHO , MARIANA DUTRA DE CÁSSIA FERREIRA, LUTIANE SCARAMUSSA, LAÍZA ARAÚJO MOHANA PINHEIRO, JULIANA ALVES DE SOUZA CAIXETA, ZORAIDA SACHETTO, REINALDO JORDÃO GUSMÃO

INSTITUIÇÃO: DEPARTAMENTO DE OTORRINOLARINGOLOGIA, CABEÇA E PESCOÇO E DISCIPLINA DE REUMATOLOGIA - UNICAMP

Resumo: Trata-se de um relato de caso de patologia reumática rara, com manifestações graves com ênfase na área de Otorrinolaringologia. Tem como objetivo alertar clínicos e otorrinolaringologistas sobre a evolução da doença, seguimento e complicações. Paciente jovem, feminina, desenvolveu policondrite recidivante na adolescênica, com manifestações laríngeas que culminaram com traqueotomia definitiva.

 

Apresentação do caso

Paciente do sexo feminino, com história de nódulos avermelhados e doloridos pelo corpo e  edema em articulações interfalangeanas proximais das mãos   de resolução espontânea e piora com uso de corticoesteróides, desde a adolescência.  Apresentava ainda episódios de febre, sem quadro infeccioso  associado. Aos  25 anos iniciou dispnéia leve aos pequenos esforços.

Não apresentava antecedentes relevantes pessoais ou familiares e história de tabagismo prévio (2 anos/maço durante a adolescência).

Procurou auxílio médico e na investigação inicial a laringoscopia evidenciou estenose subglótica intensa, sem causa definida.

Apresentava FAN positivo (1/180 do tipo pontilhado grosso), FR negativo, P-ANCA e C-ANCA não reagentes, proteína C reativa (1,13mg/dL) e valor de hemossedimentação elevados (41mm/H).

Pelo quadro progressivo de dispnéia, já com 28 anos, foi então submetida  a intervenção  cirúrgica para tentativa de correção da estenose. Foram três tentativas de remoção da estenose e colocação de molde laringotraqueal para que  ocorresse uma  cicatrização satisfatória (este deixado por tempos progressivamente maiores). Em todas as tentativas ocorreram recidivas precoce da estenose após retirada do molde laringotraqueal. Na última tentativa, em 2008,  a estenose se refez em menos de uma semana. Nesta ocasião o molde previamente descrito foi usado por 3 meses. O exame de laringoscopia  evidenciou ausência de luz entre a supra glote e a traquéia, sendo então obrigatório a realização de traqueotomia para manutenção da via aérea da paciente.

Por volta de 2 anos depois  iniciou   episódios de dor e edema em ponta nasal e pavilhões auriculares, facilitando assim o diagnóstico da policondrite recidivante.

A biópsia de material (retirado nos procedimentos prévios), identificado como mucosa traqueal, obteve laudo de processo inflamatório crônico, rico em plasmócitos e focalmente com granulócitos com extensa fibrose e sinais de destruição da cartilagem hialina  traqueal. O quadro histológico  é sugestivo de policondrite crônica recidivante. O laudo definitivo somente deve ser feito em conjunto com dados clínicos e laboratoriais. Depósitos de inúmeros complexos e de complemento na cartilagem seriam comprobatórios.

A paciente é encaminhada ao nosso serviço, agora com 34 anos, para seguimento.

Ao exame  de nasolaringofibroscopia flexível atual foi observada mucosa  pálida em fossas nasais, hipertrofia moderada dos cornetos inferiores, rinofaringe e orofaringe sem alterações. Na laringe observou-se hiperconstricção de bandas ventriculares e muros ariepiglóticos, hiperemia e edema supra glótico e dificuldade  de visualização de outras estruturas.

A ressonância nuclear magnética evidenciou intensa captação em região de cartilagens laringo traqueais e estreitamento da luz dessa região.

Atualmente a paciente encontra-se traqueotomizada, em seguimento com medicações imunossupressoras (corticosteróides e azatioprina) e sem  sinais de atividade da doença.

Palavras chaves : Policondrite recidivante, traqueotomia, manifestações otorrinolaringológicas, estenose subglótica

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