Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-488

TÍTULO: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES PORTADORES DE PAPILOMATOSE RESPIRATÓRIA RECORRENTE

AUTOR(ES): FLÁVIA RAFAELA BATISTA GOMES , FABIANA ARAÚJO SPERANDIO, MANUELA DOWSLEY ARCOVERDE, FRANCISCO TIAGO BARROSO CHAGAS, DAMIÃO FABRÍCIO MANGUEIRA DE SOUZA, RAQUEL FERRAZ CORNÉLIO NOGUEIRA, ÉLCIO DUARTE DE LIMA

INSTITUIÇÃO: INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA

INTRODUÇÃO: A Papilomatose Respiratória Recorrente (PRR) é uma patologia viral causada pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), principalmente os tipos 6 e 11, e que se caracteriza pelo desenvolvimento de lesões exofíticas na via aérea, que podem levar à obstrução. Apesar de se tratar de uma patologia benigna, a PRR tem alta morbidade por acometer via aérea, pela alta taxa de recorrência e pelo risco de conversão maligna.  A PRR é a neoplasia benigna de laringe mais comum em crianças, e a segunda causa mais freqüente de disfonia nesta mesma população. Duas formas distintas de PRR geralmente são reconhecidas: uma juvenil ou forma agressiva (até os 14 anos), e uma adulta ou forma menos agressiva. A transmissão da PRR ainda não está completamente elucidada, mas acredita-se que na forma juvenil ocorra, ou por via ascendente na gestação, ou por contato direto no parto vaginal. Na forma adulta, acrescentar-se-ia o contato sexual. O quadro clínico depende da extensão da doença, compreendendo principalmente disfonia, dispnéia e/ou estridor. A avaliação diagnóstica e o acompanhamento pós-operatório são feitos através da videolaringoscopia flexível. O tratamento é remover cirurgicamente as lesões sintomáticas através de ressecção a laser de CO2, dissecção a frio ou uso de microdebridador. O curso da doença é variável com alguns pacientes apresentando remissão espontânea e outros sofrendo inúmeros procedimentos cirúrgicos ao longo dos anos.

OBJETIVO:Este estudo foi realizado com o objetivo de traçar o perfil epidemiológico dos pacientes portadores de PRR acompanhados no ambulatório de otorrinolaringologia, de janeiro de 2008 a junho de 2010. Ao determinar o perfil epidemiológico de tais pacientes, obtivemos uma melhor dimensão da doença em nossa região, do seu comportamento, e assim, poderemos tentar desenvolver medidas preventivas e diagnósticas.

METODOLOGIA: Foi realizado estudo tipo retrospectivo, transversal, em que foi feito um levantamento dos pacientes que eram acompanhados no ambulatório de otorrinolaringologia desde janeiro de 2008 a junho de 2010. Tais pacientes foram convocados a comparecer ao serviço para serem entrevistados e submetidos a um questionário. Tais entrevistas foram realizadas nos meses de maio e junho de 2010. Os dados obtidos foram analisados de forma descritiva.

RESULTADOS: A faixa etária dos pacientes ao diagnóstico variou entre 9 meses e 8 anos para PRR Juvenil (Média 3.58 anos), e entre 19 e 51 anos para a PRR do Adulto (Média 29.4 anos). Em relação ao gênero, observamos na PRR Juvenil 64% do sexo feminino e 36%, masculino; quanto à forma adulta, 100% foram masculino. A via de parto mais comum em ambas as formas foi a vaginal( 91% na juvenil e 80% na adulta), e apenas um paciente da forma juvenil foi pré-termo, todos os outros, tanto da juvenil como da adulta, foram de termo. A presença de condiloma materno no parto foi referida em 82% dos pacientes com a forma juvenil e 100% dos com a forma adulta, exceto por dois dos adultos não souberam informar tal dado. Quanto ao sintoma inicial apresentado pelos pacientes, na forma juvenil encontramos: 67% disfonia, 25% dispnéia e 8% estridor; na adulta, 100% disfonia. A média de número de cirurgias a que os pacientes foram submetidos para exérese de lesões sintomáticas foi de 15.18 procedimentos na forma Juvenil, e 3.6 na Adulta.

CONCLUSÃO: Os dados obtidos em nossa pesquisa foram compatíveis com a literatura. O manejo da PRR continua um desafio para a medicina. É uma patologia de alta morbidade que merece mais estudos, principalmente de formas de prevenção, como desenvolvimento de vacinas e avaliação das vias de parto; e tratamento, drogas antivirais e técnicas menos traumatizantes, para oferecer uma melhor qualidade de vida para os pacientes e suas famílias.

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