Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-454

TÍTULO: PARAGANGLIOMA LARÍNGEO: RELATO DE CASO

AUTOR(ES): CAMILA DEGEN MEOTTI, CATIA DE SOUZA SALEH, MARCOS SOARES, DENISE MANICA, GABRIEL KUHL

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

INTRODUÇÃO: Os paragangliomas são neoplasias que surgem a partir do tecido paragangliônico do SNA. São tumores neuroendócrinos, oriundos de células da crista neural, e capazes de produzir hormônios sistema APUD (amine precursor uptake descarboxylase). Os paragangliomas laríngeos são tumores raros que compreendem 2,77% dos paragangliomas da cabeça e pescoço.

CASO CLÍNICO: Paciente feminina, 32 anos, branca, vendedora, natural e procedente de Viamão / RS. Submetida, em 2002, à exérese de tumor glômico cervical (carotídeo) à direita, apresentando disfonia pós operatória (paralisia de prega vocal direita em abdução). Em 2003, realizada tireoplastia tipo I de Issiki para medialização da prega vocal. Ficou assintomática por 6 anos, quando iniciou com disfonia, dispnéia e sangramentos orais eventuais. Negava dor cervical ou emagrecimento. À laringoscopia indireta, em 2009, foi visualizada PVD em posição mediana (tireoplastia prévia) e presença de abaulamento submucoso acima da PVD com tecido de granulação nesta localização. Devido à suspeita de lesão por reação ao bloco de silicone inserido na tireoplastia, a paciente foi levada à laringoscopia direta para remoção da granulação, bem como remoção do corpo estranho via cervical. O anatomo-patológico da granulação demonstrou paraganglioma laríngeo. Foi solicitada TC de região cervical para avaliar extensão da lesão e planejamento terapêutico. Realizada hemilaringectomia direita para remoção da lesão. O anatomo-patológico confirmou paraganglioma.

DISCUSSÃO: Paragangliomas são tumores incomuns, de crescimento lento e geralmente benignos. Com exceção das extremidades, paragangliomas podem ocorrem em qualquer parte do corpo, mas são mais frequentemente encontrados na cabeça e pescoço. As áreas mais comuns são a bifurcação carotídea e a área jugulo-timpânica. A laringe é um local menos comum. A maioria destes tumores se originam na região supraglótica e 2% são malignos. Tipicamente, paragangliomas laríngeos são bem delimitados e vascularizados. Exame físico geralmente revela massa lisa, vermelha ou azul, lobulada, submucosa nas falsas pregas vocais. Frente ao padrão vascular. Atualmente são descritos 80 casos de paraganglioma laríngeo na literatura. Sanders et al. descreveu o primeiro caso de paraganglioma com acometimento simultâneo de região supraglótica esquerda e corpo carotídeo esquerdo. Rubin et al. descreveu um caso com paraganglioma laríngeo e múltiplos paragangliomas de cabeça e pescoço. Em nosso caso, demonstramos aparecimento de paraganglioma em região supraglótica direita 8 anos após exérese de paraganglioma carotídeo direito, o que demonstra acometimento multifocal, porém não simultâneo. O manejo do paraganglioma laríngeo é comumente cirúrgico e frequentemente requer laringectomia total. Em casos selecionados, laringectomia parcial é uma opção aceitável, particularmente devido a baixa probabilidade de metástases regionais e à distância. A radioterapia e quimioterapia não têm papel na terapêutica .

CONCLUSÃO: Demonstramos o terceiro caso de paraganglioma laríngeo com acometimento multicêntrico. A suspeição de paraganglioma frente a um tumor vascularizado em laringe e o seu diagnóstico precoce são importantes, pois há possibilidade de tratamento mais conservador para preservação laríngea.

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