Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-451

TÍTULO: PARACOCCIDIOIDOMICOSE ORAL

AUTOR(ES): WILSON LUIZ VALIM ZERBINATTI , LILIANE SATOMI IKARI, PEDRO FINOTTI JÚNIOR, FERNANDO SASAKI, KÁTIA CRISTINA COSTA, MÁRIO EDWIN GRETERS, SILVIO ANTÔNIO MONTEIRO MARONE

INSTITUIÇÃO: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

INTRODUÇÃO: Diferentes lesões na cavidade oral podem mimetizar os mais diversos diagnósticos, desde os traumáticos, doenças infecciosas, imunitárias além do carcinoma epidermóide. A diversidade de apresentação clínica destas doenças dificulta seu diagnóstico pela semelhança macroscópica, podendo muitas vezes haver associação de diferentes doenças, tornando fundamental cada dado de história e exame físico. Eles irão direcionar para a escolha de exames complementares específicos no sentido de agilizar a conduta e promover o tratamento de maneira mais objetiva podendo oferecer ao paciente melhor prognóstico.

CASO CLÍNICO: D.G., 49 anos, natural e procedente de Americana SP, casado, motorista

HPMA: lesão na língua há 8 meses com aumento progressivo de tamanho até ulceração, sem sangramento, sem história de trauma e com dor à deglutição. Em tratamento para tuberculose (Tb) pulmonar há 2 meses sem melhora da lesão oral. Uma biópsia da lesão feita em outro serviço há 3 meses apresentou ao exame anátomo-patológico (AP) hiperplasia epitelial com processo inflamatório crônico associado. Trouxe também sorologia para HIV negativa e uma radiografia de tórax com padrão “vidro fosco”.

Antecedentes Pessoais: Tabagista e ex-etilista. Tratamento para Tb há 3 meses com Rifampicina e Isoniazida.

Exame Físico: otoscopia e rinoscopia sem lesões. Nasofibrolaringoscopia flexível: sem lesões em nasofaringe, hipofaringe e laringe. Oroscopia: lesão ulcerada única com bordas elevadas e irregulares, mal delimitadas, com centro branco-acinzentado e borda rósea, dolorosa à palpação, levemente endurecida, na região mediana de dorso lingual. Pescoço livre.

Conduta: Nova biópsia em nosso serviço cujo AP foi de paracoccidiodomicose à coloração HE.

Foi encaminhado para a equipe de Moléstias Infecciosas (MI), que manteve Rifampicina e Isoniazida e introduziu Bactrim de 8 em 8 horas.

Após 1 mês, evolui com melhora dos sintomas orais bem como do aspecto da lesão na língua.

DISCUSSÃO: As manifestações orais da tuberculose ainda são raras, tendo a prevalência de 1,5% em indivíduos com Tb pulmonar . A língua é o sítio mais comum da Tb oral, tendo diferentes apresentações. No caso em questão o paciente foi encaminhado ao nosso serviço com diagnóstico de Tb pulmonar e com resultado de exame histopatológico de biópsia lingual descrevendo hiperplasia epitelial com processo inflamatório crônico associado.

A apresentação clínica mais freqüente da infecção oral por micobacterium tuberculosis e outras micobactérias é a úlcera, única ou múltipla, assintomática ou dolorosa, sendo descrita como uma lesão superficial, endurecida, de bordas irregulares, margens pouco definidas ou bem circunscrita, características semelhantes às deste relato. Mas, estava em tratamento há 3 meses com Rifampicina e Isoniazida e negou melhora dos sintomas orais. Outras hipóteses como neoplasias malignas e granulomatoses não podiam ser descartadas. Optou-se por nova biópsia da lesão, cujo AP revelou paracoccidiodomicose.

TC de tórax: imagem em vidro fosco e espessamento pleural. O acometimento pulmonar pode ser semelhante na paracoccidioidomicose e na Tb. A terapia consiste na administração drogas como as sulfas, cetoconazol e fluconazol por longos períodos.

CONCLUSÃO: Este relato mostra a variedade de diagnósticos frente a uma lesão ulcerada em dorso de língua e a importância do conhecimento de seus diagnósticos diferenciais para a indicação do tratamento correto.

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