Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-450

TÍTULO: PARACOCCIDIOIDOMICOSE LARÍNGEA: RELATO DE UM CASO CLÍNICO

AUTOR(ES): GABRIELE LEAO STRALIOTTO , CRISTIANO ROBERTO NAKAGAWA, SYLVIA DE FIGUEIREDO JACOMASSI, YARA ALVES DE MORAES DO AMARAL, GUILHERME SACHET, GABRIEL GONÇALVES DIAS, LUIZA RODRIGUES CAFFARATE

INSTITUIÇÃO: IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CURITIBA

INTRODUÇÃO: Na América Latina, a paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica endêmica, comum em moradores de zona rural do sexo masculino, entre a quarta e quinta décadas de vida. Muitas vezes o paciente adquire a infecção nas primeiras duas décadas de vida e torna-se sintomático apenas anos depois, quando já reside em centros urbanos. É causada pelo fungo termo-dimórfico Paracoccidioides brasiliensis (Pb) e pode acometer múltiplos órgãos, entre eles a laringe. A PCM, ao contrário de outras micoses sistêmicas, não é usualmente relacionada a imunossupressão.

Relato de Caso: A.F., 55 anos, residente de zona rural, comparece em março de 2010 referindo há 2 meses disfonia, disfagia, odinofagia, odinofonia, tosse, otalgia à esquerda, dispnéia e emagrecimento de 4 kg. Nega queixas rinológicas. Nega comorbidades ou história familiar de neoplasia. Ex-tabagista de 4 cigarros palha/dia por 43 anos. Nega etilismo. À oroscopia: arcada inferior em mau estado de conservação; palpação cervical: linfonodo de 1,5cm em zona II à direita, móvel, fibroelástico e não aderido a planos profundos. Realizada videolaringoscopia (VDL) evidenciando lesões supra-glóticas ulceradas e esbranquiçadas coletadas para anátomo-patológico (AP). Raio-X de tórax com opacidade pulmonar hilar bilateral e superior direita e retração hilar bilateral compatível com processo específico. O AP diagnosticou paracococcidiodomicose. Foi iniciado itraconazol 200mg/dia. Após 2 meses de tratamento, VDL com orofaringe, hipofaringe e laringe sem lesões e pregas vocais (PV) móveis, com discreto edema de mucosa com áreas cicatriciais.

DISCUSSÃO: As lesões mais frequentes da PCM estão no pulmão e mucosa oral. Lesões mucosas ocorrem comumente em lábios, gengiva, língua, mucosa jugal, palato, úvula, pilares amigdalianos, assoalho da boca, nariz e laringe. Quando há comprometimento laríngeo, acomete principalmente as PV, sendo disfonia a queixa principal. O diagnóstico de PCM de laringe pode ser difícil, principalmente por falta de suspeição clínica. O paciente pode ter sintomas laríngeos, febre, emagrecimento e hemoptise ocasional por meses antes do diagóstico. O diagnóstico definitivo dá-se por biópsia e cultura em meio Saboraud. A reação de PCR surge como promissora ferramenta. A PCM possui vários diagnósticos diferenciais e é frequentemente confundida com neoplasias, tuberculose, lúpus, sarcoidose, sífilis, granulomatose de Wegener, entre outras.  O tratamento dura em média 2 anos e deve ser suspenso quando a doença estiver inativa. Atualmente baseia-se em sulfonamidas, anfotericina B e derivados imidazólicos.

CONCLUSÃO: Apesar de a paracoccidioidomicose ser uma doença rara, é importante que seja lembrada como diagnóstico diferencial em pacientes com história arrastada de disfonia. À suspeita clínica, a biópsia deve ser indicada para diagnóstico definitivo, e uma vez confirmado, o tratamento deve extenuante até sua inativação completa.

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