Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-446

TÍTULO: PAPILOMATOSE UNILATERAL CONGENITA DE CAVIDADE ORAL

AUTOR(ES): MARIANA DUTRA DE CÁSSIA FERREIRA , ALEXANDRE SCALLI MATHIAS DUARTE, KARINA CAVALCANTI BEZERRA, ANA CRISTINA DAL RIO, MARIA ELVIRA CORREA, ALBINA MESSIAS DE ALMEIDA MILANI ALTEMANI, ESTER MARIA DANIELLI NICOLA

INSTITUIÇÃO: HC UNICAMP

Introdução

A papilomatose oral (PO) se refere a lesões verrucosas e hiperplásicas, cujo diagnóstico se difere em papiloma escamoso, verruga vulgaris e condiloma acumitatum, determinado a partir de estudos anátomos patológicos. São alterações epiteliais e do tecido conjuntivo benignas e podem acometer toda a cavidade oral, estando restrito a mucosa.  A descrição de papilomatose unilateral congênita de cavidade oral (PUCCO) na literatura é muito restrita. Difere-se das lesões clássicas por estar presente ao nascimento e por apresentar  inespecificidade no exame microscópico.

Apresentação

Mulher 51 anos, apresentou ao nascimento lesão  em columela nasal, que se estendia para lábio, palato duro, palato mole e orofaringe esquerda, com preservação perfeita da linha média. Lesão de aspecto verrucoso, indolor e assintomática, com aumento progressivo lento em região de palatos, sulco e rebordo gengival superior esquerdo (relatado pela mãe). Aos 16 anos apresentou tumor misto de glândula parótida esquerda, submetida a parotidectomia, com recidivas tratadas cirurgicamente, tendo como seqüela  uma paralisia facial periférica (PFP). Mãe refere que a paciente foi submetida a radioterapia após os procedimentos cirúrgicos (tratamentos realizados em outro serviço, sem dados comprobatórios).

Avaliada no serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço Unicamp aos 27 anos devido às lesões em palato. Feita biopsia de tecido gengival e palato: epitélio plano estratificado corneificado com intensa hiperplasia e leve infiltrado inflamatório crônico difuso. Optado por observação clinica.

Após 20 anos, foi encaminhada ao ambulatório de ORL para avaliação da PFP e das lesões orais, mantidas inalteradas segundo a paciente. O exame de nasofibroscopia mostrou hipertrofia de tonsilas linguais, cuja biopsia apresentou hiperplasia linfóide lingual. Realizadas diversas biópsias das lesões em hemipalato esquerdo nos últimos quatro anos (avaliadas pelo mesmo patologista), cujos resultados mostravam hiperplasia escamosa de mucosa. Ultimo exame feito em maio 2010, abrangendo a lesão, área de transição, mucosa normal e rebordo gengival esquerdo, resultou também em hiperplasia escamosa de epitélio estratificado, sem neoplasias e cândida, HPV negativo e excluída causas traumáticas por prótese. As lesões mantêm o mesmo padrão verrucoso, indolor, respeitando a linha média. No momento mantida conduta expectante.

Discussão

A avaliação da (PO) deve considerar o estudo microscópico e a história clínica (inicio, áreas acometidas, evolução e comorbidades).  Excluídos os diagnósticos clássicos da PO após estudo anatômico e encontrada papilomas orais unilaterais, poderíamos considerar o diagnostico de hiperplasia focal. Porém tal patologia é descrita como múltiplas pápulas hiperplásicas restritas à mucosa, unilateral, presente em crianças, não congênitas, com regressão espontânea.  No caso descrito as lesões foram notadas ao nascimento, com relato de acometimento cutâneo (columela), sem regressão espontânea, com uma localização excepcional (precisão em linha média), discriminando-se dos diagnósticos anteriormente descritos. 

Comentário

A PUCCO, ainda que rara, pode ser considerada um diagnóstico diferencial das PO.

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