Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-444

TÍTULO: PAPILOMA NASAL – TÉCNICA CIRÚRGICA

AUTOR(ES): CAMILLA BEZERRA DA CRUZ MAIA , JULIA ALVES DE AZEVEDO, JONATAH RICCIO, HELEN RITO, LUCIA JOFFILY, VANIA PAES

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INTRODUÇÃO: Polipose nasal é uma doença inflamatória crônica da mucosa nasal e seios paranasais com formação de pólipos benignos, múltiplos, bilaterais. Os pólipos são geralmente moles, brilhantes, móveis, com coloração levemente acinzentada ou rosada,com superfície lisa, indolor à palpação e de aspecto translúcido. A PN incide em 1 a 4% da população geral. Dentre os diagnósticos diferenciais há o papiloma invertido (PI) é um tumor nasal benigno raro. Há pouco relato na literatura a respeito da sua origem, sabe-se das características clínicas do tumor e da necessidade de tratamento cirúrgico após diagnosticá-lo. Os pacientes com PI devem ser bem acompanhados no pós operatório devido a alta recorrência tumoral e a possibilidade de evolução para Carcinoma de Células Escamosas (CCE).

OBJETIVO: Relatar a frequência do PI em nosso Serviço e a menor recidiva pela técnica cirúrgica de exérese descrita abaixo

METODOLOGIA: Durante o período de junho de 2008 a junho de 2009 no serviço de Otorrinolaringologia do Hospital dos Servidores do Estado RJ, foram operados 56 pacientes com polipose nasal dentre estes 5 tiveram como diagnóstico Papiloma Invertido. Inicialmente, fez-se biópsia da lesão em ambiente ambulatorial que depois eram confirmadas no transoperatório. Os pacientes com diagnóstico de PI foram acompanhados durante um ano no ambulatório de otorrinolaringologia e suas queixas iniciais eram,  principalmente, obstrução nasal unilateral e história de epistaxe. Ao exame endoscópico nasal observávamos massa arredondada de aspecto polipóide na maior parte das vezes rosada e não responsiva a corticosteróides nasais. O padrão da Tomografia Computadorizada de Seios da Face caracterizava-se por massa contínua do meato médio unilateral extendendo-se para antro maxilar e o óstio do seio maxilar. Durante o procedimento cirúrgico endoscópico nasal priorizamos a exérese do tumor diretamente no local de sua inserção (ressecção óssea), que na sua grande maioria encontrava-se na topografia da bula etmoidal. Em todos os pacientes foi feito acompanhamento endoscópico e radiológico periódico.

RESULTADOS: O Papiloma Invertido (PI) corresponde a 0.5 a 4% de todos os tumores nasais[1], porém a incidência de papiloma no nosso Serviço foi de 8,9% . Esse tumor se origina quando a membrana scheneideriana da cavidade nasal ou do seio paranasal transforma-se em membrana hiperplásica e se inverte para o interior do estroma. Alguns estudos da literatura descrevem recorrência do tumor em 30 a 70% dos casos e associação com carcinoma de células escamosas em 5 a 15% das vezes[2], mas, durante um ano de acompanhamento clínico e rediológico no ambulatório de otorrinolaringologia, não houve recidiva com a nossa abordagem cirúrgica. Embora o curso clínico do PI seja conhecido, ainda há grande incerteza quanto a exata etiologia desse tumor e muitos estudos moleculares demonstraram a possível etiologia viral (Papiloma Vírus Humano – HPV) para o surgimento do PI.[3,4]  Papiloma invertido pode ser removido por via endoscópica em casos selecionados. A decisão deve ser feita individualmente de acordo com as características do tumor, e as variáveis que afetam a decisão são alterações anatômicas, cirurgias prévias, estágio alto na Classificação de Krouse e associação com tumor maligno. Em nosso serviço nos preocupamos em realizar a cirurgia endoscópica em todos os pacientes evitando grandes mutilações da área adjacente ao tumor com intuito de se evitar a recidiva ou progressão para malignidade.

CONCLUSÃO: A cirurgia endoscópica é reservada principalmente para tumores não avançados sem sinais de malignidade e a exérese do PI deve ser realizada com cautela afim de se preservar a mucosa nasal adjacente e o bloco tumoral deve ser removido no tecido ósseo de sua inserção nasosinusal.

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