Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-438

TÍTULO: PAPILOMA INVERTIDO DE OSSO TEMPORAL - RELATO DE CASO

AUTOR(ES): MATHEUS DE SOUZA CAMPOS , ODAIR APARECIDO ADELINO JÚNIOR, MIGUEL ANGELO HYPPÓLITO, EDUARDO TANAKA MASSUDA, ALINE PIRES BARBOSA, DENISE BARREIRO COSTA, MARCO AURÉLIO TOMIYOSHI ASATO

INSTITUIÇÃO: HCFMRP-USP

INTRODUÇÃO

Papilomas invertidos são neoplasias benignas de origem epitelial, com agressividade local. Em geral, as lesões nasais surgem a partir da parede nasal lateral podendo acometer também os seios paranasais.

O acometimento do osso temporal por papiloma invertido é extremamente raro, tendo sido descritos apenas 15 casos na literatura.

 

RELATO DE CASO

Homem de 60 anos com queixa de otalgia à direita e hipoacusia ipsilateral, história prévia de cinco cirurgias para exérese de papiloma invertido nasosinusal. Exame físico apresentou abaulamento de paredes de conduto auditivo externo (CAE) direito com secreção, não sendo visualizada membrana timpânica. Região retroauricular com edema leve, sem flogose. Iniciado antibiótico sistêmico e tópico para otite externa aguda.

Retornou em 24 horas com melhora da otalgia e do edema retroauricular, sendo visualizada membrana timpânica à otoscopia.

Após sete dias reiniciou edema retroauricular, agora associado à cefaléia, vertigem e confusão mental. A otoscopia mostrou CAE direito edemaciado, friável e com secreção.

Paciente internado para antibioticoterapia endovenosa e realização de exames de imagem sob suspeita de mastoidite aguda.

Tomografia computadorizada de ouvidos mostrou material com densidade de partes moles associado à lise óssea envolvendo mastóide direita com realce pós contraste, múltiplas áreas de solução de continuidade com fossas temporal e posterior além de erosão de tégmen timpânico e do canal de falópio.

Não foi possível realizar exame de RNM em virtude de paciente apresentar claustrofobia.

Realizada mastoidectomia radical à direita com achado intraoperatório de lesão de aspecto papilomatoso, caráter agressivo e abundante secreção em mastóide. O exame anatomopatológico confirmou papiloma invertido.

 

DISCUSSÃO

Existem algumas teorias quanto à causa do acometimento temporal pelo papiloma invertido tais como extensão direta da cavidade nasal através da tuba auditiva, origem primária multicêntrica do papiloma e migração ectópica da membrana Schneideriana.

A literatura disponível indica diferenças epidemiológicas e patológicas entre papilomas de osso temporal e os de acometimento nasal.

Dentre os fatores que indicam tais diferenças temos a taxa de ocorrência entre homens e mulheres: nasosinusal ocorre predominantemente em homens (4:1) o temporal acomete mais mulheres (2:1). Vale citar o caso descrito de papiloma temporal com crescimento acelerado durante gravidez da paciente, que levantou a hipótese de que receptores de progesterona pudessem estar envolvidos na patogênese.

Os índices de recorrência dos tumores nasosinusais varia entre 10 – 13% até 67%, para papilomas temporais a taxa fica próxima de 54%.

A transformação maligna em carcinoma escamoso é mais alta entre os papilomas de mastóide (40%) do que entre os nasosinusais (1 – 13%).

A associação com HPV fica em 76% nos nasosinusais e apenas 12% nos temporais.

Os esforços de pesquisa buscam responder se o papiloma invertido de osso temporal é o mesmo distúrbio ou uma outra entidade patológica, diferente daquela que acomete o nariz e os seios paranasais.

Foram avaliadas por método imunohistoquímico a expressão de p53, p27, Mib-1 e receptores de estrógeno e progesterona. Os resultados obtidos foram negativos para todos os marcadores e receptores.

 

CONCLUSÃO

Ainda buscamos uma compreensão dos mecanismos patogênicos do papiloma invertido temporal, não sendo possível afirmar que esta seja uma entidade diferente do papiloma invertido nasosinusal.

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