Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-437

TÍTULO: OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA NO TRATAMENTO DE NECROSE EXTENSA PÓS-ABSCESSO CERVICAL

AUTOR(ES): MARIA CRISTINA LANCIA CURY , HUGO LEONARDO DE LIMA BORGES, MONICA MARCIA MADEIRO LEITE, ANTONIO CARLOS DA SILVA RODRIGUES, HERNANDES NAKAMURA

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS - BRASÍLIA - DF

INTRODUÇÃO: O Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) é um método terapêutico que se aplica a várias diferentes situações clínicas, as quais envolvem necrose tecidual, infecções, feridas complexas e acidentes de mergulho, entre outras. Trata-se de método com comprovação científica, reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina, o qual regulamenta suas indicações através da Portaria CFM 1457/1995. Os autores apresentam um caso de necrose cervical extensa secundária a abscesso, o qual teve sua evolução otimizada com a introdução da OHB.

RELATO DE CASO: Paciente JRPS, 54 anos, masculino, eletricitário, desenvolveu quadro de parotidite bacteriana, o qual evoluiu para um abscesso com necrose do tecido glandular. Como fator de risco, era portador de diabetes mellitus de difícil controle. O abscesso dissecou em direção caudal, atingindo a região cervical e o mediastino superior, com infecção generalizada e sepse. Foi submetido à drenagem cirúrgica do abscesso, tendo sido necessárias quatro intervenções, em virtude das múltiplas recidivas. Após os sucessivos procedimentos cirúrgicos, foi encaminhado ao Serviço de Medicina Hiperbárica do HFA para avaliação. À admissão, apresentava-se em regular estado geral, com uma extensa área de exposição na face anterior do pescoço, sem sinais de necrose. Respirava por meio de traqueostomia e recebia antibióticos por via parenteral. Após 20 sessões de OHB, apresentava boa evolução clínica, com controle do quadro infeccioso e granulação satisfatória da área exposta, quando, então, foi submetido a enxerto livre de pele para cobertura da ferida. Voltou às sessões de OHB após o enxerto, a fim de otimizar as chances de pega. Recebeu alta do serviço após 40 sessões, com total recuperação do quadro.

DISCUSSÃO: A oxigenoterapia hiperbárica, método terapêutico ainda pouco difundido em nosso país, é importante adjuvante em diferentes situações clínicas. A hiperóxia tecidual tem ação sinérgica com antibióticos, otimiza a função de polimorfonucleares, atua sobre mediadores inflamatórios e estimula angioneogênese e função de fibroblastos, sendo fundamental para a cicatrização de lesões complexas. Também atua sobre os osteoblastos, estimulando a recuperação óssea, fundamental em fraturas complexas e osteomielites crônicas. A ação do ambiente hiperbárico leva à diminuição de volume dos gases, razão pela qual esse método se aplica a infecções produtoras de gases, tais como as gangrenas, bem como às embolias gasosas e à doença descompressiva dos mergulhadores. No caso em questão, a ação da OHB foi fundamental para o controle do quadro infeccioso, bem como para a granulação da área exposta e integração satisfatória do enxerto, num paciente de alto risco para complicações.

CONCLUSÃO: A OHB é procedimento indicado em situações que envolvem necrose tecidual e lesões complexas, como adjuvante às condutas clínicas e cirúrgicas.

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