Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-432

TÍTULO: OTITE EXTERNA NECROTIZANTE BENIGNA

AUTOR(ES): CATIA DE SOUZA SALEH , BRUNO NETTO, MAURÍCIO NOSCHANG DA SILVA, LETÍCIA PETERSEN SCHMIDT ROSITO, SADY SELAIMEN DA COSTA

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

INTRODUÇÃO: A otite externa necrotizante benigna, ou osteíte necrotizante, é uma doença rara, de etiologia desconhecida, que ocorre em indivíduos sadios, não diabéticos. Caracteriza-se pela formação de seqüestro avascular do osso timpânico, sendo importante diferenciá-la da otite externa maligna, da radionecrose do osso temporal e do carcinoma de ouvido externo, pois tais patologias diferem no seu tratamento.

CASO CLÍNICO: I.S.S., 55 anos, feminina, branca, com história de otorréia intermitente à direita há 2 anos, associada à perda auditiva e zumbido eventual, sem otalgia. Há um ano, iniciou com episódios de aumento de volume em região pré-auricular direita, associados à dor durante a mastigação e, há 3 meses, notou aparecimento de lesão em região zigomática direita com drenagem de secreção purulenta. Negou história de trauma, diabetes mellitus ou radioterapia. Ao exame otorrinolaringológico, apresentava otorréia fétida e tecido de granulação em conduto auditivo externo (CAE) de ouvido direito, impedindo a visualização da membrana timpânica. Na região zigomatica direita, observava-se fistula com drenagem de secreção purulenta. Não se evidenciou paralisia facial, hiperemia ou abaulamento retroauricular. A audiometria foi compatível com perda audtiva mista à direita. A tomografia de ouvidos mostrou lesão osteolítica envolvendo côndilo mandibular e cavidade da ATM, arco zigomático, conduto auditivo externo e escama do temporal à direita. A cintilografia óssea com 99mTc-MDP revelou atividade osteoblástica aumentada em temporal direito. Aos exames laboratoriais, apresentava VSG de 26mm e Proteína C Reativa de 3,2mg/L. A cultura da secreção demonstrou crescimento de Proteus mirabilis. Assim procedeu-se a ressecção da fistula cutânea e do tecido de granulação de CAE, sendo possível visualizar a membrana timpânica íntegra. O anatomopatológico evidenciou inflamação crônica. A paciente permaneceu internada para antibioticoterapia com cefepime por seis semanas. Evoluiu com melhora do quadro clínico.

DISCUSSÃO: A osteíte necrotizante foi inicialmente descrita por Goufas em 1954. Usualmente, manifesta-se por otorréia crônica não dolorosa, com ulceração do assoalho do meato acústico externo, circundada por áreas de necrose óssea. Em geral, não apresenta febre ou paralisia facial. Sua etiologia é desconhecida, estando provavelmente relacionada a traumas repetidos do meato acústico externo ou a anormalidades vasculares dessa região. Não há consenso na literatura acerca do tratamento mais adequado. Remoção cirúrgica do osso necrosado e terapia clinica prolongada são opções de tratamento descritas.

CONCLUSÃO: É importante o conhecimento dessa doença e suas características clínicas, já que pode ser confundida com outras afecções mais comuns, como a otite externa necrotizante maligna, a osteoradionecrose, a neoplasia maligna do meato acústico externo e o colesteatoma.

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