Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-412

TÍTULO: O IMPACTO DA OBESIDADE NA OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA SUPERIOR EM PACIENTES RONCADORES.

AUTOR(ES): MARCO ANTÔNIO THOMAS CALIMAN , DENILSON STORCK FOMIN, HENRIQUE HIROSHI MIYAZAWA, RAQUEL AVERSANI RADIN, PAULO RICARDO OLIVEIRA

INSTITUIÇÃO: DISCIPLINA DE OTORRINOLARINGOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE SANTO AMARO-UNISA.

INTRODUÇÃO: A prevalência de sobrepeso e obesidade vem crescendo significativamente nos últimos anos em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Indivíduos obesos apresentam risco maior de desenvolver diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, dislipidemia, e outras doenças crônicas como a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) e ronco. O acúmulo de gordura local e alterações no tônus muscular são fatores importantes na fisiopatologia do ronco e da SAOS, por causar modificações de tamanho e formato da via aérea superior (VAS). O estreitamento anatômico em região de orofaringe, e/ou de hipofaringe, determina o aumento da resistência ao fluxo de ar, criando condições locais para a produção do ronco.

OBJETIVO: Avaliar a possível correlação entre o índice de massa corporal e o grau de obstrução de via aérea superior em pacientes roncadores.

METODOLOGIA: 58 pacientes, idade entre 25 e 62 anos, com história clínica de ronco noturno foram classificados de acordo com seu índice de massa corporal (IMC) em: normal (IMC < 25), sobrepeso (IMC > 25 e < 30), obeso (IMC > 30 e < 40) e obesidade mórbida (IMC > 40). Esses pacientes foram submetidos a exame físico com avaliação do índice de Mallampati modificado, sendo classificados em classe I, II, III ou IV. Foram, também, submetidos à nasofibrolaringoscopia flexível e realização de manobra de Muller em regiões de orofaringe e hipofaringe com a determinação do nível de estreitamento de ambas as áreas em grau I (obstrução mínima), grau II (redução de 50 a 75% da luz da via aérea) e grau III (redução de 75 a 100% da luz).

RESULTADOS: dos 58 pacientes avaliados, 13 foram classificados com IMC normal, 19 com sobrepeso, 25 obesos e 01 paciente com obesidade mórbida. Dentre os pacientes com sobrepeso, 31,6% foram classificados com Mallampati III e 47,4% com Mallapati IV. 47,4% Muller grau II e 42,1% Muller grau III em orofaringe. A respeito dos pacientes obesos, 28% com Mallampati III e 52% com Mallampati IV. 24% com Muller grau II e 60% com grau III em orofaringe. Dos pacientes com IMC normal, 23,1% apresentaram Mallampati I e 30,8% Mallampati II, 31% com Muller grau I, 23% Muller grau II e 46% grau III em orofaringe. Os três grupos anteriores apresentaram valores semelhantes para o teste de Muller de hipofaringe. O paciente com obesidade mórbida apresentou Mallampati IV, e Muller grau III em orofaringe e grau II em hipofaringe.

CONCLUSÃO: Diante dos dados apresentados, podemos pressupor que pacientes obesos e com sobrepeso apresentam uma maior predisposição ao estreitamento de VAS (representado pelos valores de Mallampati e manobra de Muller), com conseqüente maior risco para o desenvolvimento de ronco e SAOS. Entretanto, pacientes com IMC normal também apresentaram níveis importantes de obstrução de VAS, o que torna importante a realização de uma investigação completa, para diagnóstico e tratamento adequados.

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