Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-401

TÍTULO: MUCOCELE GIGANTE DE ÚNICA CÉLULA DO AGGER NASI – RELATO DE CASO

AUTOR(ES): PIERRE FONSECA DA COSTA , MARCO CESAR JORGE DOS SANTOS, MARCOS MOCELLIN, FRANCISCO LUIZ BUSATO GROCOSKE

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL IPO

INTRODUCÃO

As mucoceles das cavidades paranasais são tumores benignos, preenchidos por secreção mucinosa. Compromete regiões adjacentes, com manifestações nasais, oculares ou cerebrais. O tratamento cirúrgico é mandatório, sendo atualmente a cirurgia endoscópica nasossinusal (CENS) a mais utilizada. Relataremos um caso de mucocele gigante de célula única do agger nasi confirmado após cuidadosa dissecção cirúrgica. 

RELATO DO CASO

JPP, 25 anos, branco, queixou-se de obstrução nasal à direita e hiposmia há 1 ano, de caráter progressivo. A endoscopia nasal revelou lesão de aspecto expansivo, coloração rósea e superfície lisa, ocupando grande parte da fossa nasal direita. A tomografia computadorizada (TC) dos seios da face mostrou extensa tumoração arredondada, com conteúdo de partes moles, ocupando fossa nasal e obliterando meato médio direito, com deslocamento contralateral do septo nasal, sugestiva de mucocele. O paciente foi então submetido à CENS, sob anestesia local e sedação, para marsupialização e drenagem do muco espesso no interior da lesão que, após cuidadosa dissecção cirúrgica, revelou grande cavidade envolvendo exclusivamente única célula do agger nasi. A evolução pós operatória foi excelente e o paciente encontra-se em acompanhamento ambulatorial, com 6 meses de pós operatório, assintomático.

DISCUSSÃO

Descrita no século 19, a mucocele pode originar-se de qualquer um dos seios da face. Ocorre principalmente durante a terceira e quarta décadas de vida, sem predileção entre os sexos. É classificada em primária, sem fatores predisponentes definidos e secundária, com história prévia de trauma craniofacial, cirurgia nasossinusal ou da arcada dentária superior. Acredita-se que o mecanismo fisiopatológico responsável pelo desenvolvimento da mucocele seja o bloqueio da drenagem do muco por doença inflamatória, traumas, tumores ou seqüestro da mucosa pós cirurgias. Os seios da face mais acometidos são os frontais e o complexo frontoetmoidal. Juntos, eles correspondem a 60-70% dos casos.  Seu caráter expansivo lentamente ocasiona erosão dos limites ósseos dos seios paranasais por compressão e conseqüente reabsorção óssea. As manifestações clínicas variam conforme a região envolvida, podendo causar dor facial, cefaléia, obstrução nasal, diplopia, diminuição da acuidade visual, deslocamento do globo ocular, entre outros. Os exames de eleição na sua avaliação são a TC e a ressonância magnética (RM). A TC é usada para avaliar a dimensão da mucocele e sua localização, bem como a erosão óssea que ocasiona. Demonstra, geralmente, uma massa cística encapsulada e bem delimitada, que pode invadir estruturas adjacentes. A RM fornece melhor informação sobre o comprometimento de órbita e cavidade craniana. O tratamento da mucocele é eminentemente cirúrgico. Pode ser feito com abordagem externa, abordagem endoscópica ou a combinação de ambos. A tendência atual é realizar uma abordagem funcional, através da CENS, que oferece uma abordagem conservadora, minimamente invasiva, preservando a arquitetura do seio, bem como os locais de drenagem naturais. Um seguimento pós-operatório com endoscopia nasal é fundamental para o controle da doença.

CONCLUSÃO

A mucocele é uma doença expansiva e de crescimento, cujo tratamento é obrigatoriamente cirúrgico. A CENS é o método de escolha por ser pouco invasiva, efetiva, e com a vantagem de ser realizada sob anestesia local, reduzindo drasticamente a morbidade.

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