Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-393

TÍTULO: MONITORIZAÇÃOAMBULATORIAL DA PRESSÃO ARTERIAL EM CRIANÇAS COM DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS OBSTRUTIVOS, PRÉ E APÓS ADENOTONSILECTOMIA.

AUTOR(ES): VICTOR JOSÉ BARBOSA SANTOS , VICTOR JOSÉ BARBOSA SANTOS, GRAZIELA DE OLIVEIRA SEMENZATI, TATIANA MARIA GONÇALVES, DIEGO SHERLON PIZZAMIGLIO, LUIS CUADRADO MARTIN, SILKE ANNA THEREZA WEBER

INSTITUIÇÃO: UNESP- FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU

INTRODUÇÃO

Distúrbios respiratórios obstrutivos é um termo usado para um espectro de patologias relacionadas ao sono que envolve aumento da resistência ou mesmo alteração do fluxo aéreo através da via aérea superior. Apresenta prevalência aumentada na população pediátrica, com estimativa de que 3-12% das crianças apresentem ronco durante o sono. Na literatura, não há estudos sistêmicos que associam a presença de obstrução de VAS por hipertrofia das tonsilas, com efeitos na pressão arterial sistêmica, diurna e noturna em crianças.

MÉTODOS

Foram incluídas no estudo, 26 crianças com manifestações clínicas de distúrbio respiratório obstrutivo durante o sono, e sinais de obstrução de via aérea superior por hipertrofia das tonsilas faríngea e palatinas. Todas as crianças foram encaminhadas para a realização de polissonografia de noite inteira em laboratório do sono e foram submetidas à monitorização ambulatorial de 24 horas da pressão arterial sistêmica antes e aproximadamente 6 meses após adenotonsilectomia. Foram separadas em grupo SAOS e Ronco Primário.

RESULTADOS

Das 26 crianças envolvidas no estudo clínico, todas realizaram polissonografia de noite inteira. O IAH variava de 0 a 23,2 eventos por hora. A média de eventos respiratórios por hora (AIH) no grupo RP foi de 0,87± 0,76, enquanto no grupo SAOS foi de 10± 5,97. Entre as crianças do grupo SAOS,  a média do menor valor de saturação de oxigênio(nadir) foi de 83,5%, enquanto as crianças do grupo RP apresentavam média de 93%. Dentre as 26 crianças estudadas dez não apresentaram a queda fisiológica noturna da pressão arterial, sendo consideradas “não-dippers”.

No grupo RP apenas duas crianças,enquanto no grupo SAOS oito crianças, foram consideradas não-dippers. Do total de crianças estudadas, 18 completaram o estudo realizando monitorização de 24 horas da pressão arterial em aproximadamente 6 meses após o procedimento de adenotonsilectomia.Das 10 crianças que foram consideradas não-dippers antes do procedimento cirúrgico, sete completaram o estudo pós operatório e, destas, seis crianças voltaram a apresentar o descenso fisiológico noturno da pressão arterial e uma continuou sendo considerada não dipper. No grupo SAOS, 12 crianças de um total de 14 completaram o estudo, realizando o MAPA no período pós-operatório. Três crianças não apresentaram a queda dos níveis tensionais durante o sono, sendo que destas apenas uma não apresentara no período pré-operatório.

DISCUSSÃO

Os valores mínimos e máximos da pressão arterial  sistólica e diastólica foram mais elevados nas crianças do grupo SAOS em comparação com o grupo ronco primário, tanto no período diurno quanto durante o sono.

Após a correção do distúrbio obstrutivo respiratório, através de adenotonsilectomia em todas as crianças, no nosso estudo houve um aumento do número de crianças que apresentavam descenso noturno da pressão arterial durante o sono, tanto no grupo SAOS, quanto no grupo RP, sendo que apenas 25% das crianças do grupo SAOS foram consideradas não-dippers no estudo pós operatório, enquanto no estudo pré operatório essa taxa foi de 57%.

 A falta de um consenso diagnóstico polissonográfico e de uma classificação da sua gravidade em crianças dificulta apontar um fator de risco para um desenvolvimento para doença cardíaca, embora haja correlação com o índice de apnéia/hipopnéia e alterações pressóricas em crianças.

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