Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-374

TÍTULO: MEDIASTINITE COMO COMPLICAÇÃO DE CORPO ESTRANHO CERVICAL

AUTOR(ES): SILVIA MARA TASSO , SALETE MAURICIA MARIOSA RODRIGUES, JEFFERSON DALL'ORTO MUNIZ, RUBENS RIBEIRO DA COSTA JÚNIOR, DENISE CARDOSO TOLEDO, MOISÉS FRANKLIN ALVES, DIOGO VASCONCELOS SILVA

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DAS CLÍNICAS SAMUEL LIBÂNIO (POUSO ALEGRE-MG)

INTRODUÇÃO: Corpos estranhos (CEs) aspirados para as vias aéreas ou que se prendem durante a deglutição na via digestiva não são raros. Acredita-se que ocorrem na frequência de 0,5/100.000 habitantes, cerca de 1000 casos/ano no Brasil. Os que são deglutidos acabam sendo eliminados, junto com as fezes, porém, os corpos estranhos maiores ou pontiagudos podem se fixar na faringe ou no esôfago, gerando sintomas que exige a sua retirada. Alguns casos, depois de se fixarem na via digestiva, geram perfurações, abscessos ou até mesmo lesões de grandes vasos, caracterizando um deslocamento dos CEs pelos tecidos vizinhos. Complicações relacionadas à ingestão de CEs, como o abscesso retrofaríngeo, são de baixa prevalência, mas potencialmente grave. Consideram-se como complicações o desenvolvimento de abscesso cervical, perfuração esofágica e a necessidade de abordagem cirúrgica.

OBJETIVO: O presente relato des­creve um caso de CE em um paciente do sexo masculino que evoluiu com abscesso cervical, mediastinite e ruptura de artéria carótida direita.

RELATO DE CASO: AMT, 70 anos, masculino,foi avaliado pelo serviço de otorrinolaringologia  com queixa de odinofagia após ter engasgado com espinha de peixe. À oroscopia não visualizava se corpo estranho.  À videonasofaringolaringofibroscopia (VNFL) e endoscopia digestiva alta não foram visualizadas presença de CE. Foi orientado a retornar em caso de não melhora dos sintomas e prescrito analgésico. Retornou 03 dias após, mantendo dor e início de dispnéia de decúbito. Realizada nova VNFL que apresentou abaulamento importante em parede posterior de faringe e diminuição da mobilidade de pregas vocais. Solicitada TC de pescoço e visualizada imagem sugestiva de corpo estranho em região cervical baixa, ao nível de C7, comprimindo ou alçando veia jugular externa D. Foi internado e iniciado antibioticoterapia, realizada traqueostomia e incisão em parede retrofaríngea com aspiração de secreção piosanguinolenta. Após 05 dias, apresentou piora de quadro evoluindo com insuficiência respiratória sendo encaminhado para a UTI. Começou a apresentar febre. Realizada TC de tórax onde foi observado CE em partes moles da região cervical D e mediastinite. Solicitada avaliação da cirurgia torácica que realizou intervenção cirúrgica para drenagem de abscesso em mediastino e região cervical, com retirada de CE (espinha de peixe) através de incisão em borda medial do esternocleidomastoideo. Manteve se hemodinamicamente estável, mas após 03 dias apresentou sangramento importante pela cicatriz cirúrgica devido à ruptura da artéria carótida D; realizou se sua rafia. Evoluiu bem, recebendo alta hospitalar após 21 dias de internação, com prescrição de antibioticoterapia e medicações habituais, acompanhamento ambulatorial e retorno se anormalidades.

CONCLUSÃO: Corpos estranhos colocam em risco a vida de seus portadores; por isso, em casos de histórias arrastadas de ingestão de CE, estudo por imagens deve ser complementado com exame endoscópico. Deve-se estar atento para diagnósticos pré-estabelecidos e buscar dados que levem à elucidação do quadro.

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