Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-372

TÍTULO: MASTOIDITE E PARALISIA FACIAL COMO MANIFESTAÇÕES INICIAIS DE GRANULOMATOSE DE WEGENER

AUTOR(ES): ANDRÉ SOUZA DE ALBUQUERQUE MARANHÃO , NORMA DE OLIVEIRA PENIDO, ANDRÉ SOUZA DE ALBUQUERQUE MARANHÃO, VITOR GUO CHEN, BRUNO ALMEIDA ANTUNES ROSSINI, JOSÉ RICARDO GURGEL TESTA

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO- ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

INTRODUÇÃO: As manifestações otológicas ocasionalmente são as primeiras e únicas a aparecerem, estando presentes em 20% a 61% dos casos de Granulomatose de Wegener (GW), sendo a otite média serosa a apresentação mais comum. Diversos autores citam as manifestações otológicas no curso da GW, entretanto eles não especificam em que momento da doença elas apareceram, isto é, se como manifestação inicial ou subseqüente a outros achados.

OBJETIVO: Promover uma atualização sobre as possíveis manifestações clínicas iniciais e isoladas de lesões otológicas na GW. Descrever 3 casos confirmados de GW que apresentaram inicialmente mastoidite e evoluiram com

paralisia facial periférica. Discutir evolução clínica e audiométrica destes pacientes bem como avaliar o tempo decorrido até o diagnóstico.

METODOLOGIA: Estudo coorte retrospectivo de 3 pacientes diagnosticados com GW que apresentaram inicialmente manifestações otológicas. Os resultados dos exames laboratoriais, audiométricos e de imagem foram analisados assim como a evolução clínica dos pacientes.

RESULTADOS: Caso1: otalgia intensa e otorréia em orelha esquerda há 20 dias, evolui com PFP esquerda quando procurou atendimento em nosso serviço. Duas semanas após iniciado o tratamento não havia mais otorréia e observou-se regressão quase completa da PFP. Na consulta seguinte a paciente queixava-se de diminuição da audição também na orelha direita, trouxe a RNM que evidenciou hipercaptação de contraste na cóclea e nervo facial a esquerda, velamento de mastóide bilateral e linfonodo retrofaríngeo a esquerda.Durante a internação a paciente fez picos febris, com hemoculturas negativas e liquor  normal não infeccioso e  VHS (140) elevado, foi solicitada avaliação da Infectologia e Reumatologia sendo suspeitado de doença granulomatosa e solicitado ANCA-C que apresentou titulação de 1/160, confirmando o diagnóstico de GW decorridos 3 meses após o início dos sintomas.

Caso2: há 1 mês com queixa de otalgia, hipoacusia, otorréia à esquerda e paralisia facial periférica a esquerda. Foi firmado o diagnóstico de otomastoidite aguda complicada com paralisia facial periférica. Devido à evolução desfavorável foi solicitada avaliação da Reumatologia que solicitou ANCA-C  que estava positivo com titulação de 1/20. O diagnóstico foi firmado decorridos 74 dias do início dos sintomas. Paciente teve recuperação completa da paralisia facial e recuperação parcial dos limiares auditivos.

Caso3: otalgia intensa e otorréia purulenta contínua à direita com inicio há 45 dias. A tomografia de ossos temporais e  a ressonância magnética de crânio mostravam velamento completo da mastóide e orelha média direita associada a otomastoidite. Diante da não resposta à terapia clínica, foi indicado a timpanomastoidectomia e colocação tubo de ventilação à direita. No sétimo dia de pós-operatório, a paciente evoluiu com PFP. Solicitou-se o ANCA-C que mostrou-se positivo até título de 1/160, confirmando o diagnóstico de GW após 2 meses do início do quadro clínico

CONCLUSÃO: Complicações de otites médias agudas (mastoidite e paralisia facial periférica) refratárias as terapêuticas antiinfecciosas habituais impõem a investigação de doenças granulomatosas e a GW deverá ser pesquisada para que possamos fazer o diagnóstico em uma fase mais precoce possível e mudarmos o prognóstico destes pacientes

Fechar