Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-368

TÍTULO: MANIFESTAÇÃO ORAL DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA

AUTOR(ES): MATEUS PEREIRA BOM BRAGA , ANA CRISTINA MARTINS, CLÁUDIA ROSALINA, MARIANA SALGUEIRO, JAIR DE CARVALHO E CASTRO, ANA RUAS, MARCELO RODZANDISK LIRA

INSTITUIÇÃO: SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO RIO DE JANEIRO

A leishmaniose é uma antropozoonose considerada um grande problema de saúde publica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco com registro aproximado de dois milhões de novos casos ao ano.

É uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por diferentes espécies de protozoários. Apresenta-se na forma cutânea e na forma mucosa.

Estima-se que 3 a 5% dos casos de LTA desenvolvam lesão mucosa. Apresentam-se como lesões destrutivas localizadas nas mucosas das vias aéreas superiores. A lesão mucosa ocorre por disseminação hematogênica ou linfática. Lesões cutâneas múltiplas, lesões extensas e com mais de um ano de evolução, localizadas acima da cintura, são o grupo com maior risco de desenvolver a forma mucosa.

Nas lesões crônicas e avançadas pode haver mutilações com perda parcial ou total do nariz, lábios, pálpebras, causando deformidades e conseqüente estigma social.

RELATO DE CASO

Feminino, 50 anos, residente em Campo Grande-RJ, com queixa de disfonia e disfagia há seis meses, encaminhada à FIOCRUZ. Ao exame clínico foi visualizada lesão granulosa se estendendo de palato mole à palato duro. Presença de perfuração septal com infiltração de bordos e crostas e infiltração granulosa em cavum. À videolaringoscopia evidenciou infiltração granulosa de região supra glótica e lesão difusa em pregas vocais.

Realizada biópsia de lesão oral com pesquisa para bactérias, fungos, histopatológico, cultivo  in vitro  e PCR.

Realizada sorologias, Colhido escarro para pesquisa de micobactérias, teste intradérmico, hemograma e bioquímica. Todas as sorologias foram negativas, porém o laudo histopatológico evidenciou a presença de formas amastigotas compatíveis com LTA e cultura e PCR positivos.

A paciente iniciou tratamento. Após um mês de tratamento já foi possível observar redução significativa da lesão oral e melhora importante da infiltração da mucosa nasal e laríngea.

DISCUSSÃO

O diagnóstico diferencial deve ser feito com a paracoccidiodomicose, hanseníase virchowiana, rinoscleroma, sarcoidose, sífilis terciária, granuloma de linha média e neoplasias. Na maioria dos casos, ocorre o comprometimento da mucosa nasal e septo, estendendo-se para nasofaringe, faringe, laringe e cavidade oral. Existe o risco de deformidades permanentes e o diagnóstico precoce é condição essencial para que a terapêutica seja eficaz e sejam evitadas as seqüelas deformantes.  

CONCLUSÃO

O conhecimento sobre alterações bucais causadas pela LTA é de extrema importância para profissionais da área da saúde. Através de sua compreensão será possível realização de diagnóstico precoce prevenindo deformidades e estigmas sociais.

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