Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-347

TÍTULO: LIGADURA BILATERAL DE CARÓTIDA EXTERNA: RELATO DE CASO

AUTOR(ES): RODRIGO DE SOUZA MENDES SANTIAGO MOUSINHO , GEÍSA PEREIRA RUFINO, THAÍS DE CARVALHO PONTES, MARIANA GALVÃO GURGEL, MURILO BRASILEIRO RAMOS GALVÃO, CÁSSIO LINS GIL FARIAS, KLÉCIUS LEITE FERNANDES

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

INTRODUÇÃO: Ameloblastoma é um tumor odontogênico benigno, raro, de crescimento lento e que raramente causa metástases. Representa 1% dos tumores e cistos orais. Acomete principalmente a região da mandíbula e maxila e sua taxa de ocorrência é aproximadamente igual para homens e mulheres, entre 30 a 50 anos de idade.

Pode apresentar-se como uma tumefação assintomática ou, caso não seja tratado, uma lesão de grandes proporções, com perfuração das corticais ósseas, deslocamento e reabsorção dental, causando desfiguração da face e prejuízo funcional da região. O tratamento varia desde curetagem, até em vasta ressecção do tumor e reconstrução imediata da face apesar deste ser um tumor que tende a recorrer com frequência, o que torna necessário acompanhamento pós-operatório com exames de imagem.

RELATO DO CASO: SRC, feminino, 49 anos, feodérmica, natural e procedente de João Pessoa.

Paciente com tumoração na região da mandíbula há 12 anos, de crescimento progressivo e extensão para tecidos moles da boca, que tinha resultado de biópsia indicando ameloblastoma. Procurou o serviço de urgência hospitalar com sangramento profuso, alcoolismo ou tabagismo. Ao exame físico, apresentava assimetria facial direita, tumoração acometendo toda hemimandíbula com extensão para a orofaringe e tecidos moles: mucosa jugal, músculo bucinador, masseter e pescoço. A lesão apresentava-se friável, com quantidade moderada de sangue na cavidade oral.

O sangramento mostrou-se refratário aos métodos conservadores - compressa de gelo, eletrocauterização, hemotransfusão - havendo perda de cerca de 2 litros de sangue. Como medida salvadora, a paciente foi submetida a uma ligadura bilateral de carótida externa para debelar o sangramento. A técnica foi realizada após traqueostomia cervical sob anestesia local. Foi colocada canula Portex, insuflado cuff, protegido a via aérea e realizada anestesia geral pela traqueostomia. Após a ligadura bilateral de carótida externa, feita por via transcervical, houve parada imediata do sangramento. Como houve queda acentuada do hematócrito e hemoglobina, a paciente recebeu 8 bolsas de sangue.

DISCUSSÃO: A ligadura de carótida externa é frequentemente empregada para interromper o suprimento sanguíneo de grandes tumores hipervasculares e para sangramento em epistaxe grave e trauma, impondo-se de maneira indiscutível quando as hemorragias se repetem com gravidade. Este procedimento é realizado de forma segura, não aumenta morbidade ou determina sequelas no pós operatório, pois não há consequências isquêmicas a tecidos da cabeça e pescoço. Muito mais acessível que as artérias carótidas interna e primitiva, a carótida externa nos oferece pontos de reparos mais precisos, como sejam entre a lingual e tireoidéa superior. Na grande maioria dos casos, a sua ligadura tem sido suficiente para a debelação de hemorragias graves e sucessivas. Durante a cirurgia, o sangramento pode ser intenso devido à marcada vascularização, podendo ser amenizado com a diminuição leve e monitorizada da pressão arterial.

CONCLUSÃO: A descrição deste caso é relevante, uma vez que a ligadura bilateral de arteria carótida externa é um método bastante eficaz e que salva vidas, reconhecido cientificamente por diversos autores. Além de garantir hemostasia imediata, é considerado um método seguro e sem sequelas durante o pós operatório, sobressaindo-se diante de outros métodos.

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