Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-335

TÍTULO: LARINGOTRAQUEOPLASTIA EM NEONATO PREMATURO: RELATO DE CASO

AUTOR(ES): DENISE MANICA , CLÁUDIA SCHWEIGER, DANIELA BRUNELLI E SILVA, MARIANA MAGNUS SMITH, GABRIEL KUHL

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

INTRODUÇÃO: A estenose subglótica (ESG) pós-intubação em crianças passou a ser descrita mais frequentemente a partir dos anos 70, quando os avanços em unidade de terapia intensiva neonatal permitiram a sobrevida cada vez maior de recém-nascidos submetidos a intubação endotraqueal (IET). Existem várias opções terapêuticas para a ESG, mas o seu manejo em neonatos ainda é controverso.

RELATO DO CASO: Paciente com idade gestacional de 29 semanas e peso de nascimento de 1035g necessitou de IET durante 3 dias por disfunção respiratória após o nascimento. Com 22 dias de vida, foi novamente intubada por 10 dias devido a apnéias. Após 8 dias da extubação, foi solicitada avaliação otorrinolaringológica por apresentar sinais de obstrução de via aérea alta. Foi então realizada laringoscopia direta (LD), com identificação de ESG grau 2 (Myer-Cotton). Foi optado por laringotraqueoplastia (LTP). Na cirurgia, com 1 mês e 16 dias de vida e peso de 1670g, foi interposto enxerto de cartilagem costal em parede posterior e anterior de laringe, na área estenosada. Permaneceu intubada e no sétimo dia pós-operatório, foi realizada LD. Observou-se pequeno granuloma anterior não obstrutivo, enxertos interpostos in situ e boa luz glótica e subglótica. Foi então extubada com boa evolução. Foram realizadas LD de revisão com 1 e 3 meses de pós-operatório, com boa luz subglótica.

DISCUSSÃO: O manejo da ESG em neonatos é ainda bastante controverso, sendo poucos os relatos na literatura sobre cirurgia realizada em recém-nascidos e lactentes. Agrawal et al relatam a realização de LTP em 37 crianças de 3 a 66 meses de vida. Os autores não relatam o peso médio das crianças. Descrevem sucesso cirúrgico de cerca de 89%. Leung & Berkowitz descrevem que realizam apenas traqueostomia ou realização de split cricóideo anterior em crianças menores de 2 anos. Para essses autores, a LTP fica reservada para crianças acima desta idade. Jacobs et al nos mostram uma série de 133 crianças, com idade média de 66±5 meses, sendo 13 crianças menores de um ano. Não falam sobre o peso das mesmas. Relatam uma taxa de decanulação de 96%.  Garabedian et al relatam 17 crianças com ESG submetidas a ressecção cricotraqueal, pesando menos de 10 Kg. Nenhum pesava menos de 5 Kg. Relatam taxa de sucesso de 94%. Assim, de acordo com a nossa revisão bibliográfica, este é o primeiro caso descrito na literatura de realização de LTP em neonato prematuro, pesando menos de 2 Kg e com menos de 2 meses de idade. Nossa decisão de LTP baseou-se principalmente nos riscos que estariam associados à realização e manutenção da traqueostomia nesse paciente. 

CONCLUSÃO: A decisão de realizar traqueostomia ou LTP em neonatos com ESG deve ser tomada por equipe multidisciplinar, levando-se em conta as condições clínicas da criança, os riscos cirúrgicos, a chance de sucesso da cirurgia e as dificuldades no manejo da traqueostomia pelos cuidadores em casa, sendo a idade e o peso da criança fatores secundários na escolha terapêutica.

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