Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-334

TÍTULO: LARINGOTRAQUEOPLASTIA E RESSECÇÃO CRICOTRAQUEAL EM ÚNICO ESTÁGIO PARA TRATAMENTO DE ESTENOSE SUBGLÓTICA E TRAQUEAL EM CRIANÇAS: EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO

AUTOR(ES): DENISE MANICA , CLÁUDIA SCHWEIGER, CAMILA DEGEN MEOTTI, LARISSA VALENCY ENÉAS, MARIANA MAGNUS SMITH, GABRIEL KUHL

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

INTRODUÇÃO: Nas últimas três décadas, a reconstrução da via aérea tornou-se o tratamento de escolha para estenose subglótica (ESG) na criança, realizada em único ou em múltiplos estágios. Parece haver indícios na literatura de que a cirurgia em um só tempo é mais efetiva do que a realizada em dois tempos.

OBJETIVO: Avaliar o índice de sucesso da LTP e RCT em único estágio nos pacientes tratados no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo retrospectivo através da revisão dos prontuários de pacientes submetidos à reconstrução laringotraqueal no período de junho de 2005 a novembro de 2009. 

RESULTADOS: Incluídos 24 pacientes, com idades entre 2 meses e 17 anos. As causas da estenose foram intubação endotraqueal em 22 pacientes (91,6%) e estenose congênita em 2 pacientes (8,3%). Dos pacientes que tiveram como causa a intubação endotraqueal, a média de dias de intubação foi de 11,7. No diagnóstico pré-operatório, a estenose encontrada foi a seguinte: ESG grau 4 em 1 paciente (4%),  ESG grau 3 em 16 (66,6%), ESG grau 2 em 4 (16,6%), ESG grau 3 associada com glótica em 1 (4%), ESG grau 3 associada com traqueal em 1 (4%). Foram realizadas 26 LTP (21 primárias e 5 reintervenções) e 3 RCT. O índice de decanulação foi de 66% nos pacientes submetidos à RCT e de 85,7% nos pacientes submetidos à LTP, sendo o índice total de decanulação de 83,3%. Todos os pacientes apresentaram febre persistente no pós-operatório que cessou após a extubação. A causa da febre foi elucidada somente em 3 casos: 2 pacientes com pneumonia e 1 com choque séptico.

DISCUSSÃO: No presente estudo, descrevemos os resultados cirúrgicos do nosso serviço, onde foram utilizadas as técnicas de LTP e RCT em único estágio. Relatos de alguns centros têm mostrado séries de LTP em único estágio com taxas de decanulação variando de 84% a 96%. Nos casos de RCT, as taxas de decanulação variam de 91% a 95%. Em nossa série, o índice de decanulação geral foi de 83,3%. Quando analisados separadamente, os pacientes submetidos à RCT apresentaram taxa de decanulação de 66%. Provavelmente essa taxa mais baixa do que a relatada na literatura deva-se ao pequeno número de pacientes submetidos a RCT na nossa série. Quando analisada apenas a LTP, a taxa de decanulação foi de 85,7%, compatível com a relatada por outros autores. Quanto a febre, Schraff et AL mostraram que 59% dos casos de LTP em único estágio apresentaram febre no pós-operatório, que foi significativa (com culturais positivos) em apenas um terço. Na nossa série, 100% dos pacientes apresentaram febre. A necessidade de investigação e tratamento da febre nesse pós-operatório ainda não foi estabelecida.

CONCLUSÃO: Apresentamos nossa série de 24 crianças com estenose laringotraqueal submetidas à reconstrução da via aérea em um estágio. Nosso índice de decanulação total foi de 83,3%. Necessitamos mais estudos para determinar as causas das falhas terapêuticas e para aperfeiçoamento do manejo pós-operatório dessas crianças.

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