Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-325

TÍTULO: INFLUÊNCIA DA OTORRÉIA PÓS-OPERATÓRIA NOS RESULTADOS ANÁTOMO-FUNCIONAIS DE TIMPANOPLASTIAS UNDERLAY

AUTOR(ES): MARCOS MARQUES RODRIGUES , RAÍSSA FELICI VARGAS, LUIS FRANCISCO OLIVEIRA, JOSÉ MARIA PINTO NETO, MARCELO FERNANDO BELLA

INSTITUIÇÃO: IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE LIMEIRA

INTRODUÇÃO

Timpanoplastias se destinam à correção cirúrgica de perfurações na membrana timpânica. A ocorrência de otorréia no pós-operatório pode ocorrer devido a contaminação externa ou interna do sítio cirúrgico, podendo comprometer o resultado anátomo-funcional . As Principais ocorrências são: Persistência da perfuração da membrana timpânica, manuntenção ou piora da perda auditiva e mais raramente labirintite infecciosa.

 

OBJETIVOS

Avaliar a influência da otorréia no pós-operatórios nos resultados anátomo-funcionais de timpanoplastias underlay

 

MATERIAIS E MÉTODOS

Avaliação retrospectiva de 70 orelhas submetidas a timpanoplastia. Os seguintes itens foram avaliados: gap auditivo pós operatório, diferença entre os gap pré e pós-operatórios, pega do enxerto, tamanho da perfuração, via de ascesso e material utilizado no enxerto.

 

RESULTADOS

No período de fevereiro de 2008 a Janeiro de 2010 foram realizadas 70 timpanoplastias com a técnica underlay. Todos os pacientes foram operados após audiometrias pré-operatória e no mínimo 3 meses sem otorréia. 33% da amostra apresentou algum episódio de otorréia durante os cuidados pós-operatórios(PO) que demandaram tratamento com curativos otológico e antiobióticos tópicos e/ou sistêmicos.  Os pacientes foram avaliados em dois grupos: com e sem otorréia no PO. A média da diferença do gap pré-operatória e pós-operatório foi de 15 dB nos dois grupos. A média do gap audiométrico no PO foi de 6.87 e 6,78dB para os grupos com e sem otorréia respectivamente. Avaliação estatística sem significância para as duas variáveis. Não houve associação entre a presença de otorreia e as seguintes variáveis  pega do enxerto, tamanho da perfuração e via de ascesso. Com relação ao tipo de material de enxerto os pacientes operados com cartilagem auricular apresentaram mais otorréia (p=0,016).

 

DISCUSSÃO

A cirurgia otológica demanda um rigor asséptico devido manipulação de estruturas nobre e delicadas. As infecções podem afetar o resultado. A otorréia pode ocorrer até mesmo em mãos experientes e deve ser prontamente avaliada e tratada. Em nosso serviço os pacientes nessa condição fazem curativos otológicos minimamente duas vezes por semanas e são tratados com antibióticos tópicos e/ou sistêmicos conforme a gravidade do caso. Em nossa amostra a presença da otorréia não afetou os resultados funcionais, já que o gap pós operatório e incremento do gap no PO foram semelhantes em pacientes com e sem otorréia. Quanto ao resultado anatômico o único fator associado com a otorréia no PO foi o uso de enxertos com cartilagem. Esse fato provavelmente ocorre devido a vascularização mais pobre da cartilagem que confere uma cicatrização mais demorada.

 

CONCLUSÃO

A ocorrência de otorréia no pós-operatório de timpanoplastias deve ser evitado. As conseqüências anátomo-funcionais serão minimizadas quando instituído tratamento rigoroso e efetivo.

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