Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-320

TÍTULO: IMPORTÂNCIA DAS EOAPD NO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM ZUMBIDO

AUTOR(ES): RENATA SOUZA CURI , HENRIQUE PENTEADO DE CAMARGO GOBBP, GUSTAVO LEITE LUCCA, LUCAS LUDWIG, DANIEL SOUZA CURI, MARCELO GIROTTI MERIGHE

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL VERA CRUZ - CAMPINAS

O zumbido é uma sensação sonora não relacionada com uma fonte externa de estimulação. Como instrumento para a avaliação dos fatores envolvidos com o mesmo, tem-se o estudo das Emissões Otoacústicas (EOA), permitindo a detecção de alterações cocleares sutis antes que sejam observadas na avaliação audiométrica tonal liminar.

OBJETIVO: O objetivo do presente estudo é correlacionar avaliação audiométrica com pesquisa das emissões otoacústicas em pacientes com zumbido e verificar a validade do uso das EOA no protocolo de investigação de zumbido.

MATERIAL E MÉTODO: estudo retrospectivo, com levantamento do prontuário de 84 pacientes com queixa de zumbido submetidos à avaliação audiométrica e pesquisa das Emissões Otoacústicas por Produto de Distorção (EOAPD).  De acordo com o resultado, foram divididos em grupos e, a seguir, correlacionados os achados com história e quadro clínico.

RESULTADOS: Dos 84 casos, 64 (76%) apresentaram avaliação audiométrica alterada e 20 (24%) exame normal. No estudo das EOAPD a ausência de resposta foi verificada em todos os pacientes (100%) com alteração na audiometria e em 14 (70%) pacientes com audiometria normal bilateralmente. Entre as frequências testadas nos pacientes com audiometria normal, ausência de resposta foi verificada principalmente em 6 e 8 KHz (36%), observando-se relação com quadro clínico (histórico sugestivo de presbiacusia) em 100% dos casos. Evidenciou-se também, relação da exposição a ruído com ausência de resposta nas frequências 4 e 6 KHz, verificada  em 75% dos casos com tal antecedente. Ausência de resposta na frequência 750 Hz não apresentou relação com quadro clínico e nem com antecedentes.

DISCUSSÃO: A ausência das EOAPD em 70% dos pacientes com audiometria normal bilateramente e queixa de zumbido corroboram com a literatura que descreve a ocorrência do primeiro estágio do zumbido na periferia. O fundamento das EOAPD, considerando a não-linearidade da orelha interna, é avaliar as células ciliadas com absoluta seletividade de frequências, dando uma idéia setorizada da vitalidade destas células, ao longo de toda a membrana basilar. Observamos também a importância na detecção de alterações cocleares sutis, bem como no monitoramento auditivo de indivíduos expostos a níveis elevados de pressão sonora. A baixa relação sinal/ruído para as frequências graves e o modo de transferência de energia pelo sistema da orelha média com menor amplificação para graves, tornando difícil a distinção entre as emissões e o ruído de fundo.

CONCLUSÃO: O estudo das EOAPD não teve validade na avaliação de pacientes com zumbido e exame audiométrico alterado.

A avaliação da frequência 750 Hz na EOAPD não teve utilidade.

O uso das EOAPD no protocolo de avaliação de zumbido em pacientes com audiometria normal foi útil na investigação etiológica e os resultados sugerem que tal avaliação pode ser usada para diagnóstico precoce de presbiacusia e de perda auditiva induzida por nível de pressão sonora (PAINPS).

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