Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-293

TÍTULO: FÍSTULA LIQUÓRICA RINOGÊNICA ESPONTÂNEA EM PACIENTE COM SÍNDROME DA SELA VAZIA

AUTOR(ES): CARLOS EDUARDO MONTEIRO ZAPPELINI, FÁBIO SILVA ALVES, LUCIANA CAMPOY GIRO BASILE, LUANA GONÇALVES DE OLIVEIRA, IVAN DE PICOLI DANTAS, JOSÉ MARIA MORAES DE REZENDE

INSTITUIÇÃO: SANTA CASA DE CAMPINAS

INTRODUÇÃO: A rinorréia liquórica ocorre quando há uma conexão do espaço subaracnóideo com o lúmem nasal ou dos seios paranasais. Anatomicamente há um defeito da dura, aracnóide, osso e mucosa. A fístula liquórica rinogênica pode ser classificada como traumática, sendo a causa mais comum, ou não traumática.

APRESENTAÇÃO DO CASO: E.A.O.S, 34 anos, negra, solteira, monitora de produção em costura, natural de Junqueirópolis e procedente de Santa Bárbara D’oeste (SP). Há 1 ano, paciente apresentou quadro de infecção das vias aéreas superiores (IVAS), incluindo rinorréia hialina persistente, quando procurou serviço de otorrinolaringologia. Ao exame físico identificou-se descarga nasal de líquido claro, intermitente, que emanava do nariz quando a paciente se inclinava para frente. Referia gosto doce do mesmo. Nega trauma. Nega uso de medicamentos.

Realizou cirurgia bariátrica há 2 anos tendo perda ponderal de 55kg. Submeteu-se há seis meses a abdominoplastia. Ex-tabagista (fumou por 18 anos; parou há 5 anos; 2 maços por semana). Nega história familiar de doenças nasossinusais.

Solicitados exames complementares. Glicose de líquido nasal: 47 mg/dl. Cisternocintilografia mostrou acentuado acúmulo anormal do radiofármaco na cavidade nasal bilateral sendo intenso à direita, com avaliação semi-quantitativa de 33,59 à direita e 33,09 à esquerda (normal < 1,4). Tomografia computadorizada mostrou descontinuidade óssea em teto do etmóide à direita. A Ressonância Nuclear Magnética evidenciou material de alto teor hídrico obliterando parcialmente células etmoidais na região medial à direita e proeminência liquórica intrasselar com parênquima hipofisário de altura reduzida podendo corresponder à sela túrcica parcialmente vazia.

Realizada cirurgia com colocação de pericôndrio do tragus na região da fístula. Desde o diagnóstico até a cirurgia, a paciente foi tratata por algumas vezes com antibiótico e spray nasal (corticóide) contínuo apresentando rinoliquorréia intermitente. Com um ano de pós-operatório a paciente permanece assintomática.

DISCUSSÃO: A fístula liquórica rinogênica não traumática corresponde a aproximadamente 4% do total das rinogênicas. Nos casos de alta pressão, o primeiro passo é diminuir a alta pressão intracraniana, com resolução do quadro na maioria dos pacientes. A exploração cirúrgica é indicada nos pacientes que mantém a liquorréia mesmo após a normalização da pressão.

Em alguns casos, pacientes com fístula espontânea de alta pressão podem apresentar Síndrome da Sela Vazia, onde a pressão intracraniana aumentada leva a herniação da dura na sela túrcica, comprimindo a hipófise e dando a aparência radiológica de “sela vazia” ao exame de imagem. É mais comum em mulheres obesas de meia idade.

CONCLUSÃO: Baseado nos resultados clínicos da literatura, o presente relato mostrou correlação clínica, epidemiológica e radiológica relacionando uma possível elevação da pressão intracraniana como causa tanto da herniação da hipófise quanto da formação da própria fístula líquórica rinogênica espontânea da paciente.

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