Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-286

TÍTULO: EXTRUSÃO ESPONTÂNEA DE CORPO ESTRANHO CERVICAL: RELATO DE CASO

AUTOR(ES): RAFAELA AQUINO FERNANDES LOPES , RONALDO CAMPOS GRANJEIRO

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DE BASE DO DISTRITO FEDERAL/SES-DF

INTRODUÇÃO: Corpos estranhos (CE) compreendem até 11% dos atendimentos de emergência em Otorrinolaringologia. Complicações são descritas em até 22% dos casos. Os casos de CE raramente são assintomáticos e, quando em oro ou hipofaringe, o principal sintoma é odinofagia, levando os pacientes rapidamente à emergência. A permanência por longos períodos, predispõe ao surgimento de complicações. Os principais locais de impactação de CE em oro/hipofaringe são as tonsilas e base de língua, seguidos do esôfago proximal. Geralmente, são encontrados no lúmen da oro/hipofaringe, porém em raros casos, esses CE podem migrar através dos tecidos, especialmente aqueles afiados e de orientação transversa. Surge assim a possibilidade de infecções cervicais profundas potencialmente fatais, podendo se disseminar para mediastino. Podem ainda transfixar grandes vasos do pescoço, com resultados catastróficos. Mais raramente, podem migrar para outros tecidos, como tireóide ou transfixar a pele da região cervical, como no caso. Pelo risco de complicações, é importante avaliação adequada, com exame físico minucioso. Radiografia cervical mostrará a localização do CE se o mesmo for radiopaco. A avaliação endoscópica é fundamental para avaliar a presença ou migração do CE. A topografia exata pode ser avaliada através da Tomografia Computadorizada (TC), que avalia também a extensão das complicações. Nos casos de migração do CE, em pacientes sintomáticos, deve-se proceder à remoção através de exploração cervical lateral. Pacientes assintomáticos podem ser acompanhados ambulatorialmente.

OBJETIVO: Relatar um caso raro de corpo estranho migratório para região cervical anterior.

METODOLOGIA: Relato de caso e revisão da literatura.

RESULTADOS: Paciente de 19 anos, feminina, procurou o serviço de emergência em otorrinolaringologia, com queixa de extrusão de CE em região cervical anterior direita. Relatava ingestão de carne de “Luís Cacheiro”, uma espécie de porco-espinho (Coendou prehensilis), 15 dias antes do atendimento, tendo apresentado odinofagia por dois dias, de remissão espontânea. Evoluiu assintomática nos dias subseqüentes, até observar o aparecimento do CE transfixando pele de região cervical anterior direita, acompanhado de eritema e leve enduração local, porém sem flutuação.   Foi realizada videolaringoscopia rígida, sem visualização de CE ou possível trajeto fistuloso. À TC cervical com contraste, identificou-se apenas densificação da gordura subcutânea e de planos gordurosos profundos, em direção à glote e porção superior da cartilagem tireóide à direita, sem coleções. Foi realizada retirada percutânea do CE, com mínima quantidade de secreção purulenta. Foi prescrito Cefalexina e Ibuprofeno. A paciente apresentou boa evolução, estando assintomática após 4 dias de tratamento.

CONCLUSÃO: O caso, embora raro, apresentou desfecho favorável, com extrusão parcial espontânea do corpo estranho ingerido através da pele, sem surgimento das possíveis complicações tão temidas.

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