Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-272

TÍTULO: ESTUDO DAS RELAÇÕES ANATOMICAS ENTRE O LIGAMENTO DE BERRY E O NERVO LARÍNGEO RECORRENTE NO CURSO DE TIREOIDECTOMIAS

AUTOR(ES): ANDRÉ CAVALCANTE SARAIVA , BOTELHO, J. B., CATTEBEKE, L. C. H., CARVALHO, D. M., TOMMASO, R. R., SANTOS JR., E. G.

INSTITUIÇÃO: FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE / UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS

INTRODUÇÃO: As patologias cirúrgicas da glândula tireóide, especificamente os bócios de grande volume (BGV), necessitam de acesso cirúrgico especial, como por meio da via de acesso em “U”. O nervo laríngeo recorrente (NLR) relaciona-se topograficamente, de forma variável, com a artéria tireóidea inferior e com o Ligamento de Berry, um espessamento da fáscia pré-traqueal que liga a glândula tireóide à traquéia e à parte inferior da cartilagem cricóide. A proximidade dessas estruturas imprime maior chance de lesão nervosa durante as tireoidectomias totais e parciais, e a secção do NLR pode resultar na paralisia de todos os músculos da laringe, exceto o cricotireóideo.

OBJETIVO: Esse trabalho objetiva propor protocolo de acesso cirúrgico nas tireoidectomias totais e parciais, para identificar e ligar entre fios as artérias tireóideas inferiores, ao localizar e preservar os NLRs, a partir de sua relação anatômica com o Ligamento de Berry.

METODOLOGIA: Foram analisados os registros fotográficos do Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial de pacientes submetidos à tireoidectomias parciais e totais no período de 2002 a 2008, na cidade de Manaus/AM. Os registros expuseram as regiões ântero-laterais direita e/ou esquerda do pescoço dissecadas, uni ou bilateralmente, de acordo com a localização do bócio e/ou tumor, com o objetivo de visualizar a relação entre o Ligamento de Berry e o NLR. A partir dos dados obtidos, foram classificadas as freqüências de apresentação anatômica das relações entre o nervo e o Ligamento de Berry em: Tipo I ou intra-ligamentar: quando o nervo e/ou seus ramos estavam visualizados intra-ligamentar; Tipo II ou lateral: quando o nervo e/ou seus ramos foram visualizados lateral ao ligamento; Tipo III ou medial: quando o nervo e/ou seus ramos estavam claramente visualizados medialmente ao ligamento. Foram excluídas as fotografias que não estavam claras essa relação.

RESULTADOS: O estudo abrangeu 103 registros fotográficos. Após análise de acordo com a nova classificação proposta neste trabalho, a relação entre o NLR e o ligamento de Berry no curso dessas tireoidectomias foi visualizada de forma clara em 21 registros, com um total de 22 nervos. Foram encontradas 9 nervos (40,9%), do Tipo I ou intra-ligamentar; 9 (40,9%), do Tipo II ou lateral; e, 4 (18,2%) do Tipo III ou medial. Foram excluídos 82 registros fotográficos por não estarem claras essa relação.

CONCLUSÃO: Nos pacientes com BGV, os padrões anatômicos do curso do NLR são modificados, prejudicando a identificação e a preservação do mesmo, devido à perda da relação anatômica entre as estruturas cervicais, também prejudicadas pelo espaço limitado utilizado pelo cirurgião durante a exérese da peça cirúrgica. Esse trabalho demonstra a importância do Ligamento de Berry como ponto de referência anatômica nas tireoidectomias, e, diferente de outros, encontrou-se o NLR em topografia intraligamentar (9 / 40,9%).

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