Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-269

TÍTULO: ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE TABAGISMO E ALTERAÇÕES VIDEOLARINGOSCÓPICAS EM PACIENTES ATENDIDOS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

AUTOR(ES): LUDIMILA DE OLIVEIRA CARDOSO , MIGUEL EDUARDO MACEDO GUIMARÃES, APARECIDA REGINA BRUM, FILIPE BRUM BRAGA GOMES, LUIZ AUGUSTO MIRANDA SANGLARD, JOSÉ FELIPE BIGOLIN FILHO, AMADEU LUÍS ALCÂNTARA RIBEIRO

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

INTRODUÇÃO: Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, 18,8% da população é fumante e 23 pessoas morrem por hora por doenças ligadas ao tabagismo. Fumantes consomem mais recursos de saúde por ano de vida do que os não fumantes e os custos com internações são alarmantes. Distúrbios vocais e deglutitórios relacionados ao tabagismo podem ser os primeiros sintomas de uma neoplasia de cabeça e pescoço e por isso devem ser estudados de diversas maneiras, a fim de buscar as melhores soluções em políticas públicas e ações em saúde.

OBJETIVOS: observar a prevalência do tabagismo nos pacientes submetidos a videolaringoscopia no HU e estudar os fatores associados a este hábito; identificar as queixas que geram indicação de videolaringoscopia de maior prevalência; traçar fatores de risco para o tabagismo; comparar a prevalência da disfonia e de distúrbios da deglutição entre tabagistas e não-tabagistas, do sexo masculino e feminino, identificando os principais achados associados a essas queixas nestes indivíduos; identificar achados correlacionados ao hábito do tabagismo.

METODOLOGIA: estudo epidemiológico descritivo retrospectivo transversal observacional, por análise de prontuários de pacientes a partir de 18 anos submetidos a telelaringoscopia direta com fibra rígida de 70°, entre agosto de 2008 e 2009, com formulário preenchido pelo pesquisador, com dados do paciente, queixa principal e achados do exame. Os dados foram trabalhados nos programas Microsoft Office Excel e SPSS 13.0.

RESULTADOS: Dos 324 pacientes, 74,1% declararam história de tabagismo (sendo no sexo masculino a prevalência de 35,78% e no feminino de 20,75%) e 78,5% declararam etilismo. Dos tabagistas desta amostra, 70,7% declararam disfonia como queixa principal; 4,9%, disfagia; 13,4%, pigarro; 7,3%, globus faríngeus; e 9,8%, odinofagia. Nos pacientes que apresentaram diagnóstico videolaringoscópico de refluxo laringofaríngeo, a prevalência do tabagismo foi de 28% e a de etilismo foi de 22,2%. Há relação entre tabagismo e: idade (p=0,008), sendo mais encontrado em pacientes de meia-idade;  sexo masculino (p=0,004); e etilismo (p<0,001). Das queixas que motivaram o pedido do exame, houve correlação entre tabagismo e pigarro (p=0,008), de forma que 13,4% dos pacientes tabagistas relataram pigarro, ao passo que esse sintoma estava presente em 28,0% dos não-tabagistas. Quanto à realização do exame, foi observada correlação entre tabagismo e o uso de lidocaína (p=0,003), sendo este uso necessário em 13,3% dos pacientes tabagistas, enquanto que foi usado em apenas 3,9% dos não-tabagistas. Dos achados, foi encontrada relação entre tabagismo e: pólipo de prega vocal (p=0,024), edema de Reinke (p=0,001); e lesão leucoplásica (p=0,006), sendo encontradas em 9,6% entre fumantes e em 2,5% entre não-fumantes.

CONCLUSÃO: O tabagismo possui como fatores de risco o sexo masculino, a faixa etária de meia-idade e etilismo. A queixa principal mais prevalente que ocasionou a indicação do exame de videolaringoscopia nos pacientes tabagistas foi disfonia, seguida por pigarro. A proporção de queixa de pigarro como fator de indicação do exame complementar em tabagistas foi significativamente menor que em não-tabagistas, sugerindo uma subvalorização desta queixa em fumantes. O tabagismo foi mais associado à necessidade de uso de lidocaína a 10% para realização do exame. Os achados relacionados ao tabagismo foram pólipo de pregas vocais, edema de Reinke e leucoplasias.

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