Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-268

TÍTULO: ESTUDO DA RECIDIVA DE COLESTEATOMA APÓS MASTOIDECTOMIA EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO.

AUTOR(ES): ROBERTA BAK , BRUNO ALLEVATO, THALES BHERING, PRISCILA LEMOS LEITE NOVAES, RAQUEL DE MOURA BRITO MENDEZ, FELIPPE FELIX, SHIRO TOMITA

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO- UFRJ

INTRODUÇÃO: Estima-se que mais de 5 milhões de pessoas no mundo são acometidas pela otite média crônica colesteatomatosa. O tratamento das otites médias crônicas colesteatomatosas é primariamente cirúrgico com erradicação de todo o tecido doente . Existem dois tipos de cirurgias proposta para estes quadros: a mastoidectomia aberta (radical) e a mastoidectomia fechada (conservadora). Mediante a alta incidência e prevalência do colesteatoma e seus altos índices de recidiva, torna- se interessante o estudo pós operatório dos pacientes com tal diagnóstico.

OBJETIVO: Estimar a taxa de recidiva da otite média colesteatomatosa após tratamento cirúrgico, mastoidectomia conservadora ou radical, no serviço de otorrinolaringologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Relacionar os índices de recidiva com o tipo de cirurgia proposto, sexo, idade e tempo de sintomas.

METODOLOGIA: Revisão de 75 prontuários de pacientes submetidos a mastoidectomia radical ou conservadora devido diagnóstico clínico e radiológico de colesteatoma no HUCFF no período de 2006 a 2009. Entraram no estudo os pacientes com diagnóstico histopatológico de colesteatoma pós operatório. Foram excluídos aqueles pacientes que não obtiveram laudo histopatológico de colesteatoma e aqueles que não mantiveram acompanhamento clínico pós operatório. Consideramos sinais de recidiva da doença critérios clínicos como otorréia refratária ao tratamento medicamentoso em mais de 3 consultas consecutivas e radiológicos como ressonância magnética com difusão positiva.  Todos os pacientes, na admissão no ambulatório, foram submetidos a um questionário onde deveriam  informar o tempo de doença .

RESULTADOS: Entraram nas estatísticas 71 orelhas (66 pacientes) sendo destes 43 do sexo masculino (65%)  e  23 do sexo feminino (35%). Segundo  faixas etárias, 7 (10,6%) pacientes estavam ente 0-14anos, 34 (51,5%) entre 15-40anos, 19 (28,7%) entre 41-60 anos e 6 (9%) maiores de 60 anos. Foi constatada recidiva da doença em 25 (35,7%)  orelhas sendo destas 8 (11,4%)  submetidas a técnica aberta e 17 (24,2%) a técnica fechada. Dentre os pacientes que apresentaram a recidiva da doença, 4 (16%) estavam na faixa etária entre 0-14 anos, 9 (36%) entre 15 e 40 anos, 11 (44%) entre 41 e 60 anos, 1 (4%) >61 anos. Em relação ao tempo de doença, 5 pacientes tinham menos de 1 ano de doença (7,04%), 23 pacientes de 1 a 5 anos (32,39%), 5 pacientes de 6 a 10 anos  (7,04%), 14 pacientes de 11 a 15 anos (19,71%), 5 pacientes  de 16 a 20 anos  (7,04%), 6 pacientes de 21 a 30 anos (8,45%) e 13 relatavam mais de 30 anos de doença otológica (18,30%).  Quando colocado estes dados para correlação estatística no Epi info 3.5.1 verificou que somente houve correlação estatística (p<0,05) quando correlacionado recidiva com maior tempo de doença (>30 anos).

CONCLUSÃO: A taxa de recidiva do colesteatoma ainda permanece alta principalmente naqueles pacientes submetidos a técnica fechada (45,9%). Quanto a faixa etária, os pacientes mais jovens (0-14 anos) e os adultos maiores de 40 anos (41 a 60 anos) tem maior índice de revisões cirúrgicas mediante retorno dos sintomas. O tempo de doença avançado, acima de 30 anos, mostrou-se estar relacionado a recidiva da doença (p= 0,02).  Faz- se importante, portanto, um diagnóstico precoce e acompanhamento pós operatório eficiente dos pacientes com otite média crônica colesteatomatosa visando redução da recidiva uma vez que esta ainda se mantém freqüente.

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