Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-257

TÍTULO: ESTUDO COMPARATIVO DOS ACHADOS OTOLÓGICOS EM CRIANÇAS APÓS COLOCAÇÃO DE TUBO DE VENTILAÇÃO

AUTOR(ES): MARIA THERESA COSTA RAMOS DE OLIVEIRA , LAURO JOÃO LOBO ALCÂNTARA, FRANCISCO LUIZ BUSATO GROCOSKE, BETTINA CARVALHO, HELOISA NARDI KOERNER, LUIZ GUILHERME PATRIAL, STEPHANIE SBIZERA SAAB

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Introdução

A inserção de tubos de ventilação (TV) em crianças é um dos mais comuns procedimentos na população pediátrica, realizado em crianças portadoras de efusão na orelha média que apresentem mais de 3 meses de evolução.

Complicações do procedimento incluem otorréia, extrusão precoce, perfuração persistente, tecido de granulação e obstrução do tubo.

A otorréia após TV acontece freqüentemente, mas é geralmente auto-limitada. É relatada como a complicação mais comum após miringotomia. Essa incidência parece não ser afetada pela técnica cirúrgica, preparação do conduto ou uso de gotas tópicas com antibiótico. O tratamento de escolha nos casos de otorréia são as gotas tópicas de quinolonas.

OBJETIVO

Analisar e comparar os achados otoscópicos após o uso de ciprofloxacino tópica em crianças submetidas à colocação de TV.

METODOLOGIA    

Foram selecionadas 28 crianças, atendidas no serviço de otorrinolaringologia de um Hospital Público Terciário, com indicação de timpanotomia com colocação de tubos de ventilação uni ou bilateralmente, devido à otite média efusiva/secretora. O procedimento foi realizado, associado ou não à adenoidectomia ou adenoamigdalectomia.

As crianças foram divididas aleatoriamente em 2 grupos:

GRUPO 1: uso de gotas otológicas de cloridrato de ciprofloxacino 0,3% (Ciloxan®) por 7 dias.

GRUPO 2: sem uso de gotas otológicas na primeira semana de pós-operatório.

No 7º dia de pós-operatório, as crianças foram reavaliadas e submetidas à otoscopia, em que foram analisados os seguintes achados: tubo de ventilação tópico, otorréia, coágulo na membrana, extrusão precoce, crostas hemáticas, invaginação do tubo, hematoma e presença de tecido de granulação. Além do exame físico, foi argüido ao familiar sobre a presença de otalgia e sobre a melhora da audição.

RESULTADOs

Foram avaliadas 28 crianças de 0 a 11 anos de idade, submetidas à timpanotomia com colocação de tubo de ventilação uni ou bilateral, com média de 6,11 anos de idade. No total, 53 membranas timpânicas foram incluídas. Em 22 orelhas (41,51%) foi aplicado cloridrato de ciprofloxacino em solução otológica por 7 dias. Dessas 22, três (13,64%) apresentaram otorréia no pós-operatório, cinco (22,73%) apresentaram crostas hemáticas, uma apresentou coágulo na membrana (4,5%) e outra apresentou tecido de granulação (4,5%).

Em 31 membranas timpânicas (58,49%), não foi aplicada a solução de ciprofloxacino. Dessas 31, três (9,68%) apresentaram otorréia, catorze (45,16%) apresentaram crostas hemáticas e uma apresentou coágulo na membrana timpânica (3,22%).

Aplicou-se correlação estatística dos dois achados mais freqüentes (crostas hemáticas e otorréia) entre os dois grupos. Tanto em relação à otorréia (p = 0.3015) quanto às crostas hemáticas (p entre 0.1 – 0.25), os resultados foram não significativos (p>0.05).

90,91% dos pacientes que fizeram uso de gotas de ciprofloxacino, 10 tiveram melhora da audição relatada pelo familiar em 7 dias. Apenas 58,82% dos que não usaram solução tópica tiveram melhora da audição relatada.

Conclusão

As freqüências de otorréia e crostas hemáticas foram menores no grupo que utilizou ciprofloxacino tópica, porém esses resultados não apresentaram significância estatística. A melhora da audição também foi mais freqüentemente relatada no grupo que usou o medicamento. Para validar melhor os achados é necessário maior número de pacientes estudados. Deve-se lembrar que os achados intra-operatórios podem influenciar na decisão do cirurgião sobre a utilização do medicamento.

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