Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-225

TÍTULO: DOENÇA DE MÉNIÈRE DE ORIGEM METABÓLICA ASSOCIADA À DOENÇA AUTOIMUNE COM MANIFESTAÇÃO EXTRALABIRÍNTICA

AUTOR(ES): PAULO VITOR ATSUSHI TAKEMOTO, EDMIR AMÉRICO LOURENÇO

INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ

INTRODUÇÃO: A Doença de Ménière foi descrita pela primeira vez em 1861 e desde então vários pesquisadores buscam sua etiologia. O diagnóstico é clínico e caracteriza-se por vertigem recorrente, tinitus, perda auditiva neurossensorial flutuante e plenitude aural. Determinar o fator etiológico possibilita o planejamento terapêutico mais adequado e um melhor prognóstico. RELATO DO CASO: Gênero feminino, 69 anos, Jundiaí-SP, queixa-se de vertigem intermitente há 8 meses, com duração de alguns dias, acompanhada de sintomas neurovegetativos, tinitus e hipoacusia à direita. Referia dois episódios prévios de vertigem aos 39 e 65 anos, porém evoluiu para piora progressiva, ocasionando quedas frequentes. Hipertensa há 3 anos, apresenta alopécia areata total e exame otorrinolaringológico normal. Audiometria 2007: hipoacusia neurossensorial leve a moderada na orelha esquerda em formato de “U” invertido; hipoacusia neurossensorial moderada a severa em todas as frequências na orelha direita. Laboratório 2009: curva glicêmica 3h = 109-201-219-185-171-86. Curva insulinêmica = 25-95-219-211-208-60. Restante dos exames laboratoriais normais. Audiometria 2010: OE=hipoacusia neurossensorial leve a moderada em “U”invertido. OD=Hipoacusia mista severa. Eletrococleografia 2010: OE: SP/AP=26%; OD: SP/AP=64%. Curva glicêmica 3h = 123-200-238-278-266-223. Curva insulinêmica = 20-54-92-194-279-136. Triagem inespecífica para doença autoimune incluiu hemograma, VHS, fator reumatoide, mucoproteínas mostrou-se normal, bem como exames mais específicos como FAN, pesquisa de imunocomplexos circulantes e complemento total e frações. DISCUSSÃO: Investigação de doenças metabólica, autoimune e infecciosa é mandatória para afastar causas passíveis de tratamento. No caso relatado, a paciente já apresentou melhora após o início do tratamento com hipoglicemiante oral, porém persistia acentuada instabilidade. Pelo antecedente de alopécia areata total, que na atualidade é considerada uma doença autoimune, iniciou-se investigação para uma possível hidropsia endolinfática de origem autoimune da orelha interna, que resultou negativa. A pesquisa de anticorpos anti-colágeno tipo II está indisponível no Brasil. A triagem laboratorial dos pacientes suspeitos de doença autoimune da orelha interna é frequentemente negativa, sendo positiva somente em 25% dos pacientes. Caso apresente piora, pode-se realizar o teste terapêutico com corticoide e observar se existe melhora clínica e do padrão audiométrico, fato que não foi possível realizar neste caso pelas contraindicações, como diabetes mellitus e hipertensão arterial e potencial risco de complicações clínicas. CONCLUSÃO: Identificar o fator desencadeante da hidropsia endolinfática é de extrema importância na determinação da terapêutica. A doença autoimune da orelha interna deve ser considerada como fator etiológico ou associado, na presença de manifestações autoimunes sistêmicas, mesmo quando os exames laboratoriais de triagem forem negativos.

Fechar