Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-223

TÍTULO: DOENÇA DE LYME: UM DIAGNOSTICO DIFERENCIAL IMPORTANTE EM OTORRINOLARINGOLOGIA

AUTOR(ES): HELTON BOETTCHER , LUIZ FERNANDO MANZONI LOURENCONE, SILVIA REGINA MOLINARI C LEITAO MEGALE, EDUARDO BOAVENTURA OLIVEIRA, CELSO NANNI JUNIOR, ADRIANA BERNARDINI ANTUNES SCANAVINI

INSTITUIÇÃO: HRAC - USP - BAURU

INTRODUÇÃO: A doença de Lyme é uma enfermidade infecciosa causada pelo espiroqueta Borrelia Burgdorferi, transmitida pela picada de carrapatos ixodideos. Predomina no hemisfério Norte, mas tem-se tornado endêmica em algumas regiões do Brasil. Clinicamente é uma infecção polimorfa, de caráter sistêmico, com manifestações clínicas variáveis, inclusive com sintomatologia otorrinolaringológica no nível de pares cranianos (paralisia facial, disfonia, zumbido, hipoacusia, vertigens e outros). O diagnóstico é clínico, epidemiológico e laboratorial.

OBJETIVO: relatar um caso de Doença de Lyme, chamando a atenção para sua sintomatologia otorrinolaringológica.

RELATO DO CASO: A.L.F, 32 anos, feminina, dentista, casada, natural de Bauru (SP) e procedente de Cotia (SP). Em agosto de 2008 iniciou com quadro de diplopia, disfonia e disfagia alta. Procurou serviço médico onde foram realizados endoscopia digestiva alta, avaliação otorrinolaringológica e oftalmológica, todos com resultado normal. Em outubro de 2008 procurou nosso serviço de otorrinolaringologia, apresentando-se com disfagia alta, principalmente a líquidos, disartria leve, ptose palpebral, diplopia, fadiga e certa dificuldade à locomoção. Negava alterações auditivas e do equilíbrio. O exame ORL mostrou alteração da movimentação ocular, sinais de refluxo laringo-faringeo e pregas vocais com mobilidade normal. A videofluoroscopia e nasolaringoscopia para deglutição mostram alteração da fase faríngea da deglutição. A Tomografia Computadorizada e a RNM de crânio estavam normais. A ENMG mostrou tratar-se de processo neurológico periférico dos membros superiores, inferiores, região paravertebral lombar, face e língua, do tipo axonal motor, compatível com lesão do corno anterior medular. Em dezembro de 2008 foi solicitado exame de líquor, mostrando excesso de proteínas. Atentando-se ao fato da paciente ser proveniente de Cotia, zona endêmica da Doença de Lyme, foi solicitada sorologia para borreliose, com resultado positivo. Iniciou-se antibioticoterapia com Ceftriaxone por 7 dias, evoluíndo com melhora significativa dos sintomas, em particular da disfonia e da deglutição. Infelizmente, após 3 semanas, a paciente voltou a apresentar recidiva dos sintomas. Fez novos pulsos de antibioticoterapia (Ceftriaxone e Doxiciclina), mas permanecendo com recorrência dos sintomas.

CONCLUSÃO: Embora a paralisia facial seja o sinal mais comum da doença visto pelo otorrinolaringologista, outros sinais e sintomas podem ser causados por esta doença, como cefaléia, zumbido, hipoacusia, faringite, disfonia, disfagia, dores faciais e linfoadenite cervical. Portanto, deve-se ter em mente esta doença como diagnostico diferencial das patologias otorrinolaringológicas, principalmente nos casos onde se desconhece a etiologia.

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