Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-208

TÍTULO: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE AS DESORDENS TEMPORO-MANDIBULARES E AS DOENÇAS DO OUVIDO

AUTOR(ES): DIEGO SILVA WANDERLEY , MARIANA GOMES DA COSTA DE MARCA, FABIANA CAMBRAIA CORREA, LUIZ EDUARDO RIBEIRO BOSCO, RICARDO TOLEDO PIZA, IRAMAIA PIFANO SILVA, RODRIGO RAMOS CAIADO

INSTITUIÇÃO: CLÍNICA PROFESSOR JOSÉ KÓS

INTRODUÇÃO:

A Disfunção da Articulação Temporo-Mandibular (ATM) implica no funcionamento anormal desta articulação, ligamentos e músculos da mastigação, ossos maxilar e mandíbula, dentes e estruturas de suporte dentário.

Está relacionada a hábitos comuns, como bruxismo (frender ou ranger), morder objetos estranhos, roer unhas, mastigar chicletes, postura da cabeça (para a frente), ou ainda apresentar fatores relacionados com o estresse, depressão e ansiedade ou eventos traumáticos.

OBJETIVO:

Mostrar a relação entre as desordens temporo-mandibulares e sintomas otológicos, como dor, plenitude auricular e zumbidos.

MÉTODOS:

Paciente masculino, B.A.S.C, 62 anos,  negro, com queixa de otalgia bilateral, pior em ouvido esquerdo, de início há aproximadamente 30 dias. Refere que dias antes do início da dor sofreu traumatismo maxilofacial (acidente automobilístico), na ocasião, foi atendido pelo cirurgião bucomaxilofacial.

A avaliação clínica odontológica abrangeu a oclusão dentária, os côndilos da mandíbula, abertura e fechamento da arcada dentária. Também foi solicitado radiografia panorâmica da face, que não evidenciou alterações importantes.

A avaliação otorrinolaringológica mostrou oroscopia, rinoscopia anterior e otoscopia sem alterações, porém, apresentava crepitações bilaterais à palpação da articulação temporo-mandibular durante a abertura e fechamento da boca. Realizou exame audiométrico que mostrou disacusia sensorioneural discreta, timpanometria com perfil tipo A em ambos os ouvidos e reflexo estapédico presente bilateralmente.

Recebeu tratamento sintomático e foi encaminhado ao odontólogo especializado com a hipótese diagnóstica de disfunção da articulação temporo-mandibular.  

RESULTADOS:

Retornou ao ambulatório de otorrinolaringologia após dois meses de tratamento, sem queixas álgicas. Fez uso de placa oclusal miorrelaxante em arcada superior e antiinflamatórios não hormonais. Relata que a melhora da otalgia ocorreu de forma rápida, em menos de duas semanas.

CONCLUSÃO:

A otalgia não é um sintoma específico de distúrbios do ouvido e o diagnóstico definitivo pode não ser feito em uma primeira consulta. A dor pode ter várias origens, com irradiação para estruturas próximas da articulação temporo-mandibular como é o caso do ouvido. Os sintomas auditivos podem ser variados, pois além da dor o paciente pode referir plenitude auricular e até zumbido. Exames complementares devem ser solicitados de acordo com o quadro clínico de cada paciente.

O exame audiométrico e a timpanometria são essenciais na diferenciação entre otalgia e otodinia.

Portanto, em pacientes com queixas álgicas de ouvido, com ou sem outros sintomas auditivos, que apresentam otoscopia, exame audiométrico e timpanometria dentro da normalidade, deve-se sempre pesquisar distúrbios do sistema mastigatório, como a desordem temporo-mandibular.

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