Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-183

TÍTULO: CORPO ESTRANHO INCOMUM DE LARINGE

AUTOR(ES): ALONÇO DA CUNHA VIANA JUNIOR , CARLOS EDUARDO LUNA RIBEIRO LIRA, WALLACE DO NASCIMENTO SOUZA, DÉBORAH ABRAHÃO, KARLOS KEMPS LIMA DA SILVA, JULIANO NUNES PEREIRA, DANIELA LEITÃO

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS

INTRODUÇÃO: Corpos estranhos (CE) de laringe produzem usualmente quadros alarmantes e dramáticos. Sua ocorrência é incomum, sendo a prevalência estimada entre 2 a 11% dos corpos estranhos de via respiratória. São mais freqüentes em crianças de 6 meses a 4 anos. Podem-se apresentar com quadro de asfixia, tosse, estridor e rouquidão, podendo ou não haver aspiração. O efeito irritante do CE pode causar espasmo laríngeo com grande risco de vida. O diagnóstico diferencial inclui epiglotite aguda, laringotraqueobronquite, asma, infecção viral e papilomatose laríngea.

OBJETIVO: Relato de um caso incomum de CE de laringe

RELATO DO CASO: V.S.V., sexo feminino, 67 anos, procurou a Clínica de Otorrinolaringologia do Hospital Naval Marcílio Dias com queixa de tosse persistente há cerca de seis meses, em acompanhamento com a pneumologia, evoluindo com piora e um episódio de broncoespasmo que melhorou com após tratamento clínico (antibiótico, antinflamatório e broncodilatador). Referia hipertensão arterial e insuficiência cardíaca congestiva (ICC) tendo sido submetida a revascularização cardíaca há cerca de doze anos e em tratamento clínico. Exame físico sem alterações significativas. À videolaringoscopia não se observou alterações. À fibronasolaringoscopia evidenciou uma imagem brilhante refletindo a luz, rompendo a integridade da mucosa na região supraglótica, na face posterior da epiglote. Na radiografia de tórax pode ser visto fios de aço da fixação do esterno da cirurgia prévia, porém estando ausente o da porção mais superior. Foi submetida à laringoscopia direta para elucidação diagnóstica, sendo confirmada a hipótese diagnóstica de CE verificando que se tratava de um fio de aço. No mesmo ato, foi realizada remoção do mesmo. O paciente evoluiu bem e com remissão dos sintomas.

DISCUSSÃO: Existe uma grande variedade de corpos estranhos de laringe relatada na literatura, como espinha de peixe, madeira, casca de ovo, inseto, alfinete aberto, porca, sapato de boneca.

A demora no diagnóstico pode favorecer o desenvolvimento de complicação e levar a um falso diagnóstico. Neste caso, não havia sintomatologia clássica de C.E.. O diagnóstico é facilitado quando existe aspiração e obstrução das vias aéreas superiores. A melhora apresentada não foi significativa, uma vez que as medicações utilizadas podem temporariamente melhorar os sintomas clínicos. O diagnóstico só foi realizado após 6 meses, sendo o tempo mais longo encontrado na literatura de 4 meses, o que chama atenção pois os CE de laringe raramente são negligenciados pela dramaticidade dos sintomas. Na maioria dos casos, há risco de vida iminente, pois pode determinar espasmo, como no quadro apresentado, e causar obstrução respiratória complexa.

CONCLUSÃO: Deve-se prestar atenção para o diagnóstico de CE de laringe, na presença de tosse persistente, em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, onde se fica orientado a pensar no diagnóstico de ICC.

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