Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-175

TÍTULO: CONDUTA ANTIMICROBIANA EM GESTANTES DE RISCO COM OTITE EXTERNA DIFUSA AGUDA

AUTOR(ES): BRUNO GOMES PADILHA , IGOR GOMES PADILHA, VIVIANA MARTINS PONTES LUCENA, KATIANNE WANDERLEY ROCHA, LUCIANO PADILHA ALVES

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL/SANTA CASA DE MISERICORDIA DE MACEIÓ

INTRODUÇÃO: A Otite Externa Difusa Aguda (OEDA) é definida como uma inflamação do Conduto Auditivo Externo (CAE), com ou sem envolvimento do pavilhão até a membrana timpânica. È uma das infecções mais comuns tratadas por médicos. A conduta terapêutica em pessoas imunodeprimidas exige uma avaliação cautelosa quanto aos antibióticos a serem administrados. Em gestantes, o protocolo clínico envolve os riscos que o medicamento pode trazer para o feto.

OBJETIVO: Avaliar conduta antimicrobiana aplicada a duas gestantes de risco com OEDA no serviço de otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió.

METODOLOGIA: Optou-se por relatar dois casos de gestante de risco com OEDA que procuraram o serviço no hospital, evidenciando quais antibióticos foram utilizados e suas possíveis indicações e contra-indicações nos casos relatados.

RESULTADOS: No caso 1 – paciente de 28 anos, oitavo mês de gestação, portadora de diabetes gestacional. Apresentava quadro de otalgia intensa à esquerda e sensação de plenitude auricular há oito dias. Fez uso de Amoxicilina com Clavulanato, sem melhora do quadro. Procurou o serviço com piora do quadro e acometimento auricular direita. Na otoscopia: orelha direita com hiperemia e edema leve de CAE; orelha esquerda apresentando edema acentuado de CAE e secreção purulenta. Iniciou-se (primeiro dia) com Ceftriaxona, Gentamicina e Betametasona (tópico) e hidrocortisona, porém não houve melhora. No segundo dia, s e iniciou novo tratamento com Ciprofloxacino e Prednisolona (após autorização do obstetra da paciente). Terceiro dia, conduta mantida e solicitada cultura com antibiograma. No quarto dia, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) substituiu Ciprofloxacino por Cefepime. No quinto dia, conduta mantida. No sexto dia, mantida anterior e acrescentou Hidrocortisona. No sétimo dia, mantida conduta. Finalmente no oitavo dia a paciente recebeu alta, com uso de Cefuroxima.

No caso 2 – paciente de 24 anos, primeiro mês de gestação, com tuberculose pulmonar em tratamento tríplice há três meses (não bacilifera). História de otalgia, hipoacusia e otorréia à esquerda há sete dias. Na otoscopia: edema intenso em CAE esquerdo. Inicou-se (primeiro dia) com Cefepime. Segundo e terceiro dia, mantida conduta. Quarto dia, alta, com prescrição de Cefuroxima e Ciprofloxacina com Hidrocortisona tópico.

CONCLUSÃO: A Ceftriaxona (risco B) é uma Cefalosporina de terceira geração (indicação correta), porém não apresentou melhora para a paciente. A utilização de Ciprofloxacino é indicado em casos em quadro de otite complicada, não responsiva a tratamento tópico. Este encontra-se na categoria C de risco. Todavia, por se tratar de uma gestante, não se recomenda utilização habitualmente, apesar de não haver estudos comprovando a teratogenicidade em humanos. Os infectologistas contra-indicam seu uso durante a gestação. O Cefepime é uma Cefalosporina de quarta geração, apresenta risco B para gestações, pois mostrou evidencia de dano fetal em estudos com animais, porém pelo fato de os estudos de reprodução em animais não serem sempre preditivos da resposta humana, esta droga deverá ser usada durante a gravidez somente se claramente necessário. O que foi observado no caso. Obteve-se resposta terapêutica satisfatória e avaliando os riscos e benefícios, como também as complicações do caso, observa-se que otite externa em gestantes trata-se de um assunto delicado, devido toda avaliação de riscos para o feto como também para a paciente.

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