Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-158

TÍTULO: COLESTEATOMA GIGANTE INVADINDO CONDUTO AUDITIVO INTERNO: RELATO DE CASO

AUTOR(ES): ANDRÉ LUIS DE ATAÍDE , YASSER JEBAHI, TATIANA MAUAD PATRUNI, DENIS MASSAMITSU ABE, RULLIAN DA ROCHA STREMEL TORRES

INSTITUIÇÃO: IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CURITIBA - PUC/PR

INTRODUÇÃO: Os colesteatomas são lesões semelhantes a cistos, expansivos, do osso temporal revestidas por epitélio escamoso estratificado que contêm queratina descamada. Eles comprometem mais frequentemente a orelha média e a mastóide. O envolvimento do CAI é raro e geralmente resulta em perda auditiva completa e diferentes graus de paralisia facial. A região do CAI é de difícil acesso pela cirurgia de mastóide por isso representa um verdadeiro desafio para os otoneurologistas. O presente trabalho teve como objetivo descrever um caso de colesteatoma com invasão do CAI, discutir a técnica cirúrgica utilizada e suas possíveis complicações.

RELATO DE CASO: R.R.M., 39 anos, feminina, procurou o serviço de Otorrinolaringologia devido presença secreção retroauricular com 3 anos de evolução e otorréia de início há 8 meses. Ao exame físico não apresentava sinais de paralisia facial. O exame audiométrico não pôde ser realizado devido impossibilidade de contribuição da paciente.  A tomografia de mastóide apresentava material com densidade de partes moles em epi, meso e hipotímpano, corrosão do esporão de Chaussé e do tegmen timpani , erosão da cadeia ossicular, extendendo-se até o ouvido interno com destruição parcial da cápsula ótica e erosão óssea ao redor da artéria carótida interna, mastóide ebúrnea com erosão da ponta e fistulização. Foi então submetida ao tratamento cirúrgico optando-se pelo acesso transótico devido à gravidade da doença. Iniciando com incisão retroauricular tradicional seguida de mastoidectomia ampla Prosseguimos com a petrosectomia subtotal (passo inicial do acesso transótico) esqueletizando a artéria carótida interna e do bulbo da veia jugular para que se pudesse exenterar toda a cavidade mastóidea desde o recesso supratubáreo, supralabiríntico até o recesso do nervo facial. Finalizada a petrosectomia subtotal, iniciamos com a labirintectomia com remoção de todos os canais e da cóclea, já parcialmente erodidos pelo colesteatoma, permitindo assim ampla exposição do canal auditivo interno, permanecendo íntegro o nervo facial. Preenchemos a cavidade com gordura abdominal e retalho pediculado do músculo temporal rodado para dentro.  Apresentou no pós-operatório imediato paralisia facial periférica grau 4 à esquerda e fístula liquórica, esta resolvida espontaneamente em 4 dias. Paciente recebeu alta hospitalar no quinto dia pós-operatório, apresentando melhora discreta da paralisia facial.  Após 5 meses de pós-operatório, aciente apresenta-se assintomática do ponto de vista ORL, sem sinais de recidiva da doença ou de paralisia facial periférica.

DISCUSSÃO: O acesso transótico é uma técnica que se utiliza da modalidade anterior incluindo a labirintectomia e remoção da cóclea expondo amplamente o CAI permitindo preservação do nervo facial. Outra vantagem deste acesso é a possibilidade de ocluir a cavidade em vários planos desde o CAE até a cavidade mastóidea diminuindo a possibilidade de fístula liquórica. A maior desvantagem é a anacusia, porém nestes casos a audição já se encontra bastante prejudicada. Vertigem também é comum, porém autolimitada.

CONCLUSÃO: Concluímos que o acesso transótico é uma técnica elaborada e que exige do cirurgião treinamento adequado. Para situações como a do caso relatado, em que a doença é extensa e atinge o CAI, esta técnica se faz necessária devido melhor exposição das estruturas e para que se evite com maior segurança a recidiva da doença.

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