Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-150

TÍTULO: CISTO EPIDERMÓIDE DO ÂNGULO PONTOCEREBELAR COM ABORDAGEM CIRÚRGICA VIA FOSSA MÉDIA: RELATO DE CASO.

AUTOR(ES): JOÃO FLÁVIO NOGUEIRA JÚNIOR , JOÃO PAULO SARAIVA ABREU, MOISÉS XIMENES FEIJÃO, CAROLINA VERAS AGUIAR, MARCOS JULLIAN BARRETO MARTINS, ISABELLE OLIVEIRA JATAÍ, ARTHUR CHAVES GOMES BASTOS

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA

INTRODUÇÃO: O cisto epidermóide é o terceiro tumor mais comum do ângulo pontocerebelar (APC) e representa 1% dos tumores intracranianos.  Apresenta crescimento lento, manifestando-se clinicamente entre as 2ª e 4ª décadas de vida, predominando no sexo feminino. Localiza-se principalmente no APC. Alguns autores consideram o acometimento do VII par, seguido de perda auditiva assimétrica, a manifestação clínica mais comum. Outros consideram como tal a perda auditiva unilateral isoladamente. Outras manifestações clínicas incluem neuralgia do trigêmeo, zumbido, vertigem, desequilíbrio, discinesia, disdiadococinesia, cefaléia, atrofia dos músculos da mastigação, sinais de hipertensão intracraniana, déficits neurológicos focais, meningite asséptica e acometimento de outros pares cranianos. O tratamento é eminentemente cirúrgico, sendo o acesso realizado por via translabiríntica, retrolabiríntica por fossa posterior, ou via fossa média, a depender da localização e extensão da lesão, bem como do grau de audição residual do paciente.

OBJETIVO: Relatar caso de cisto epidermóide do APC com erosão do canal semicircular superior (eminência arqueada), com abordagem cirúrgica via fossa média.

RELATO DE CASO: J.P.P, 26 anos, sexo feminino, há 3 anos apresentou quadro súbito de paralisia facial periférica à direita, de causa não aparente, que cursou posteriormente com dor característica de neuralgia do trigêmeo acometendo território da divisão V2 ipsilateral, buscando na ocasião avaliação com cirurgião plástico. Refere no período ter realizado exames de imagem da face e crânio, sem alterações. Foi conduzida com a realização de procedimentos de correção estética facial. Há 3 meses, iniciou quadro súbito de perda auditiva à direita, sem outros sinais clínicos. Foi encaminhada ao otorrinolaringologista, onde foi solicitada audiometria, evidenciando perda condutiva moderada à direita, associada a otoscopia normal. Realizou TC de crânio que evidenciou lesão hipodensa, não captante de contraste, no APC à direita. RNM de APC evidenciou lesão com hipossinal em T1 e hiperssinal em T2. Realizou cirurgia para remoção do tumor pela via da fossa média. No intraoperatório, após a remoção completa da lesão foi observada erosão da eminência arqueada, com fístula perilinfática, fechada no mesmo tempo cirúrgico com cera de osso. A paciente evoluiu no pós-cirúrgico com manutenção da paralisia facial, mas sem défcits neurológicos adicionais. A audição foi preservada com melhora subjetiva.

DISCUSSÃO: Devido à preservação da audição da paciente e localização anterior da lesão, foi optado acesso cirúrgico por fossa média. O cisto epidermóide do APC pode representar um desafio cirúrgico pela proximidade a estruturas nobres, como os nervos cranianos, tronco cerebral, cerebelo e artéria cerebelar ântero-inferior. Pode também representar um desafio diagnóstico, pela multiplicidade de achados clínicos que pode ocasionar. A perda auditiva condutiva pré-operatória provavelmente era originada pela presença de erosão em eminência arqueada (canal semi-circular superior), criando uma espécie de terceira janela para ressonância perilinfática, o que recentemente foi descrita como síndrome do canal semi-circular superior.   

CONCLUSÃO: A ressecção do cisto epidermóide via fossa média foi possível e segura. Não houve complicações peri ou pós-oeratórias e a paciente referiu melhora subjetiva da audição após a cirurgia, sem défcits adicionais neurológicos. 

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