Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-140

TÍTULO: CIRURGIA CRANIOFACIAL PARA TRATAMENTO DE CARCINOMA INDIFERENCIADO DE ETMÓIDE LOCALMENTE AGRESSIVO

AUTOR(ES): GIULIANNO MOLINA DE MELO , CAMILLA FRANCO PENNA CAPUTTI, FERNANDO JOSÉ GATTO DE OLIVEIRA, FRANCISCO PIEROZZI D'URSO, MARIANO EBRAM FIORE, NERY USTULIN CESPEDES, RODRIGO DE FARIA VALLE DORNELLES

INSTITUIÇÃO: CLÍNICA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO DO HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA DE SÃO PAULO

INTRODUÇÃO: A incidência de neoplasias que acometem a base do crânio é baixa. Os carcinomas indiferenciados são responsáveis por cerca de 1% dos cânceres que acometem a base do crânio, relacionados aos seios paranasais, sendo de evolução rápida, altamente invasivos e de baixa curabilidade. A cirurgia craniofacial é uma abordagem multidisciplinar, com atuação do Neurocirurgião, Cirurgião de Cabeça e Pescoço e Cirurgião Plástico Reconstrutivo, realizada após falha no tratamento oncológico prévio. As complicações  mais comuns são  infecções, meningite, fístula liquórica, necrose de retalho e necrose óssea. Os fatores de pior prognóstico são idade acima de 60, tratamento prévio, alto grau, envolvimento orbitário, infiltração de dura-máter e cerebral e margens comprometidas. MATERIAIS E MÉTODOS: SCA, feminino, 24 anos que iniciou quadro de epistaxe na gestação, evoluindo com proptose e amaurose direita.  Encaminhada ao serviço de Cabeça e Pescoço do H.B.P-SP  para avaliação. Na admissão apresentava proptose ocular direita, sem linfonodomegalia, pupila direita midriática com amaurose e à esquerda visão presente. A rinoscopia demonstrava oclusão da coana direita e desvio de septo á esquerda. A RNM Encéfalo e a TC de Crânio demonstravam extensa neoplasia crânio-facial, com origem em etmóide, estendendo do palato duro à fossa anterior craniana e parte intraorbitária direita, erosão do assoalho da fossa anterior craniana, órbita e seio maxilar direito e parte da órbita esquerda com linfonodomegalia em níveis II, III. Operada por equipe multidisciplinar com ressecção total da parte intracraniana, dura-máter e tecido cerebral da fossa anterior. A ressecção total da parte facial foi adquirida após translocação da face com maxilectomias radical à direita e parcial à esquerda e ressecção da peça em monobloco com  a exenteração de órbita direita, osso frontal, soalho da fossa anterior e parede medial de órbita esquerda sendo preservado o globo ocular esquerdo. Reconstrução crânio-facial com retalho de abóbada craniana bipartida para o soalho da fossa anterior e retalhos de pericrânio bilateral e esvaziamento cervical radical modificado direito. O exame anátomo-patológico evidenciou carcinoma epitelióide indiferenciado, invasivo, primário de etmóide. A paciente realizou terapia adjuvante com quimioterapia radiosensibilizante e radioterapia conformacional. RESULTADOS: Evoluiu com bom estado geral, com alta da UTI Neurológica no 7º pós-operatório. Não apresentou sinais de hemorragia, fístula liquórica ou hipertensão intracraniana. A sonda naso-enteral e a traqueostomia foram retirados no 24º pós-operatório. Não apresentou quaisquer outras complicações clínicas ou cirúrgicas. A TC do pós-operatório  demonstrou ressecção completa da neoplasia, com reconstrução crânio-facial. Posteriormente foi encaminhada para radio e quimioterapia. DISCUSSÃO: O objetivo primordial do tratamento cirúrgico oncológico é a erradicação do tumor. Nas agressivas neoplasias de seios paranasais, as invasões e destruições de tecidos ocorrem rapidamente e precocemente, tornando-se um desafio para o correto tratamento. A cirurgia indicada craniofacial visou o tratamento multidisciplinar de raro e extenso tumor de etmóide, seguido de tratamento adjuvante com radioterapia e quimioterapia. Após o término do tratamento a confecção de uma prótese facial trará o máximo em reabilitação funcional e estética. CONCLUSÃO: As neoplasias de etmóide são raras, de evolução rápida e agressiva, necessitando de cirurgia craniofacial seguido de radio e quimioterapia como completo tratamento oncológico. A abordagem por equipe multidisciplinar permite a ressecção completa da neoplasia e a reconstrução complexa visa proporcionar uma melhor qualidade de vida para estes pacientes.

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