Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-126

TÍTULO: CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS E HPV EM LESÃO ORAL

AUTOR(ES): LILIANE SATOMI IKARI , WILSON LUIZ VALIM ZERBINATTI, ANA CAROLINA PARSEKIAN ARENAS, FELIPE ALMEIDA MENDES, KÁTIA CRISTINA COSTA, LUIS CARLOS SCACHETTI, SILVIO ANTÔNIO MONTEIRO MARONE

INSTITUIÇÃO: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

INTRODUÇÃO: O carcinoma de células escamosas oral ou também chamado carcinoma epidermóide ou espinocelular (CEC) oral representa 90% de todos os tumores malignos que afetam a cavidade bucal. O fumo, álcool, sífilis, deficiências nutricionais, sol, traumatismo, má higiene e irritação por bordas pontiagudas de dentes ou dentaduras são os fatores de risco mais conhecidos para o CEC. Além dessas, os vírus vêm sendo amplamente estudados como possíveis agentes carcinogênicos. Sÿrjanen et al.9 sugeriram o envolvimento do HPV com o câncer bucal, quando associaram as alterações celulares encontradas em lesões malignas e pré-malignas da boca às mesmas que ocorriam no câncer de cérvice uterina. O HPV 16 é o mais comum associado a câncer oral e de colo de útero enquanto os tipos 6 e 11 são os mais freqüentemente encontrados em lesões benignas e prémalignas e raramente nas lesões neoplásicas da cabeça e pescoço.

OBJETIVO: Relatar um caso de CEC em mucosa jugal no qual estava associado infecção por HPV

RELATO DE CASO: CF, 58 a,  masculino, com queixa de lesão oral há 2 anos, acompanhava dor ao ingerir alimentos ácidos e ao uso de pasta de dente. Paciente com DM2 e ex- elitista por 10 anos. Nega  doenças infecto contagiosas. Relata acompanhamento na Dermatologia por Líquen Plano.

Ao exame otorrinolaringológico: otoscopia e rinocospia anterior sem alterações, á oroscopia apresentava lesão em placa esbranquiçada em mucosa jugal á direita, não destacável com borda enegrecida. Pescoço livre.

Foi realizada biopsia incisional da lesão no qual o anátomo patológico evidenciou processo inflamatório crônico liquenóide compatível com líquen plano.

Após um mês de acompanhamento a lesão apresentou-se branca, elevada, em placa, com erosão central em mucosa jugal á direita e lesão erosada próximo ao 2º molar inferior e mucosa jugal á direita. Optou-se por realizar nova biópsia incisional a qual foi observado ao anátomo patológico um fragmento com neoplasia intraepitelial grau II (displasia moderada) e um fragmento com carcinoma epidermóide grau II histológico. Houve uma nota em que ambas as amostras foram observadas alterações coilocitóticas, sugestivas de infecção por HPV.

Foi solicitado TC de pescoço que evidenciou: massa sólida, heterogênea de limites mal definidos e aspecto infiltrativo, cujo centro geométrico localiza-se em região jugal direita, restringindo-se a esta localização. Linfonodo arredondado com 1 cm de diametro no nível I B.

Paciente foi submetido á resseccão de CEC em mucosa jugal, mandibulectomia marginal com rotação de retalho platisma e esvaziamento cervical nível IV com anátomo patológico de carcinoma epidermóide grau II histológico com alterações coilocitóticas sem margens comprometidas.

DISCUSSÃO: O relato do paciente com CEC de mucosa jugal com infecção pelo HPV associado mostrou que tal caso condiz com os achados da literatura atual com estudos que estão cada vez mais elaborados que corroboram essa associação.

CONCLUSÃO: O presente relato reforça a necessidade de considerar os casos de lesões orais sugestivas ou não de malignidades mesmo que o paciente não tenha sido exposto á fatores de risco habitualmente conhecidos. Devendo-se dar especial atenção a probabilidade de pacientes jovens estarem mais expostos a uma possível etiologia viral.

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