Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TESE

P-109

TÍTULO: AVALIAÇÃO ELETROFISIOLÓGICA AUDITIVA DE LONGA LATÊNCIA EM CRIANÇAS COM E SEM INFECÇÃO PELO HIV.

AUTOR(ES): ANDREZA BATISTA CHELONI VIEIRA , VANESSA MARIZ, SIRLEY ALVES DA SILVA CARVALHO, JORGE ANDRADE PINTO, CIBELE MARTINS ALVARENGA HENRIQUES, DENISE UTSCH GONÇALVES

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INTRODUÇÃO: Segundo estudos, adultos infectados pelo HIV e efetivamente tratados com terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART) podem apresentar alteração do potencial evocado auditivo de longa latência (P300) mesmo apresentando carga viral não detectável. Explicação refere-se à infecção do sistema nervoso central (SNC) pelo vírus, que ultrapassa a barreira hematoencefálica, tornando o SNC um foco de replicação viral sem acesso e controle dos anti-retrovirais. Contudo, em crianças infectadas por esse vírus e em uso regular de HAART, tal achado ainda não foi estudado. Estudo aprovado pelo comitê de ética (556/07). OBJETIVO: Verificar se crianças verticalmente infectadas pelo HIV e tratadas com HAART apresentam alterações no processamento cognitivo da informação auditiva. MÉTODOS: Crianças de oito a 12 anos, de ambos sexos, com e sem infecção pelo HIV foram submetidas ao teste eletrofisiológico auditivo de longa latência após exclusão de quaisquer tipos de perdas auditivas periféricas. RESULTADOS: Grupo controle formado por 35 sujeitos, sendo 19 (54,3%) do sexo feminino e 16 (45,7%) do sexo masculino. Média de idade desse grupo foi de 9,20 anos, desvio-padrão 1,13, mediana 9. Média da latência do P300 do grupo controle foi de 315,72 milessegundos(ms), mediana 317,04ms e desvio-padrão 27,82. Grupo de estudo composto por 19 sujeitos sendo 9(47,3%) do sexo masculino e 10(52,7%) do sexo feminino. Média de idade desse grupo foi de 9,70 anos, desvio-padrão 1,44, mediana 10. Média da latência do P300 do grupo estudo foi de 293,93ms, mediana 296,86ms e desvio-padrão 38,21. Os grupos de estudo e controle não diferiram estatisticamente quanto ao sexo(P=0,86,OR=0,94,IC=0,26–3,32) e quanto a idade (P=0,16). Os grupos diferiram quanto à latência do P300 (P=0,02) sendo essa maior para o grupo controle. CONCLUSÃO: Nesta amostra, crianças verticalmente infectadas pelo HIV não apresentaram alteração do P300 quando comparadas com crianças sem essa infecção. Esses dados sugerem que o uso da HAART protege crianças HIV infectadas, permitindo adequado desenvolvimento cognitivo. Contudo, esses dados trazem questionamentos quanto ao acompanhamento de adultos infectados pelo HIV com quadro clínico e imunológico estáveis. Tais questionamentos referem-se ao início tardio do uso da HAAT nesses casos, o que poderia predispor o individuo adulto a alteração da cognição devido a lesão neurológica subclínica.

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