Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-100

TÍTULO: AVALIAÇÃO DAS QUEIXAS, FATORES DE RISCO, COMORBIDADES E EFICÁCIA DE TRATAMENTOS EM PACIENTES COM SÍNDROME DE MÉNIÈRE E VPPB

AUTOR(ES): LUCAS RODRIGUES CARENZI , ODAIR APARECIDO ADELINO JÚNIOR, MARCO AURÉLIO TOMIYOSHI ASATO, ALINE PIRES BARBOSA, MARIANA DE LIMA COELHO, LUIZ HENRIQUE CARBONI SOUZA, EDUARDO TANAKA MASSUDA

INSTITUIÇÃO: HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP

INTRODUÇÃO: A tontura pode ser classificada em rotatória e não rotatória. A rotatória é o tipo mais comum, sendo de etiologia periférica em até 85% dos casos. O diagnóstico se baseia na história e no exame físico, necessitando algumas vezes de exames complementares. Este estudo foi realizado para avaliar os principais sintomas, fatores de risco e comorbidades associados, bem como os principais tratamentos e as taxas de melhora ou cura dos pacientes com VPPB e Síndrome de Ménière.

MATERIAIS E MÉTODOS: estudo retrospectivo em que avaliamos os prontuários de 63 pacientes com os diagnósticos de VPPB e Ménière, de 2006 a 2009. Foram analisados a distribuição por sexo e idade, principais queixas, comorbidades associadas e as terapias propostas, identificando a porcentagem de pacientes com melhora (diminuição das crises ou da intensidade dos sintomas) ou cura (livre dos sintomas por seis meses ou mais).

RESULTADOS: 35 pacientes tiveram o Ménière como seu diagnóstico, sendo 28 os pacientes com VPPB. A idade média foi de 52,26 anos para o Ménière e de 51,53 anos para a VPPB. O sexo feminino foi o mais acometido em ambas as doenças, e as queixas mais apresentadas foram vertigem, tontura não rotatória e zumbido.  A vertigem foi a mais comum, tanto na VPPB (82%) quanto no Ménière (62,85%). A hipertensão arterial sistêmica foi o distúrbio metabólico mais prevalente nas duas doenças, seguida pelo diabetes melitus. As manobras de reposicionamento foram utilizadas em 100% dos casos de VPPB, e o controle de distúrbios metabólicos ocorreu nos casos em que este existia. A droga mais prescrita foi a betahistina, seguida pela ginkgo biloba (GB). A doença com melhor prognóstico foi a VPPB, com 89,29% de melhora/cura.

DISCUSSÃO: O Ménière é uma das causas mais prevalentes de tontura, atingindo 17% dos pacientes segundo Ganança. Nesse estudo, encontramos uma prevalência maior, provavelmente pela menor amostragem. Já a prevalência da VPPB, neste estudo, concorda com a literatura.

As idades médias das doenças foram semelhantes aos dados encontrados por Moon e Chaves, em torno de 52 anos.

Para explicar a maior prevalência de tontura no sexo feminino, estudos apontam a mulher como mais suscetível às alterações otoneurológicas, atribuída principalmente à variação hormonal natural.

A vertigem ocorreu mais nos pacientes com VPPB, que é característica desta doença. O zumbido e a tontura não rotatória prevaleceram em pacientes com Ménière, concordando com a literatura. No entanto, a VPPB apresentou alto índice de zumbido, discordando dos dados de Manuaro & Silveira, o que pode estar relacionado à associação entre VPPB e outras doenças.

No Ménière, 77% dos pacientes receberam betahistina, seguida pelo exercício físico e pela GB. Na VPPB, manobras de reposicionamento dos otólitos foram indicadas em 100% dos casos, tratamento preconizado para esta doença. O controle de distúrbios metabólicos ocorreu nos pacientes que os possuíam.

O melhor índice de melhora/cura foi encontrado na VPPB, semelhante aos dados encontrados por Levrat. O Ménière também apresentou boa resposta a tratamento clínico (semelhante à literatura pesquisada), não sendo indicada cirurgia para tratamento dessa doença.

CONCLUSÃO: A tontura é um sintoma de várias doenças. Nesse estudo, o Ménière foi mais prevalente que a VPPB. Os sintomas mais comuns foram vertigem, tontura não rotatória e zumbido. Os tratamentos mais prescritos foram o controle de doenças de base, manobras de reposicionamento e betahistina. A melhor taxa de melhora/cura foi da VPPB.

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