Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-080

TÍTULO: ASSOCIAÇÃO ENTRE REFLUXO FARINGO-LARÍNGEO E DADOS POLISSONOGRÁFICOS EM PACIENTES COM SÍNDROME DA APNÉIA OBSTRUÇÃO DO SONO.

AUTOR(ES): MARCOS MARQUES RODRIGUES , RALPH SILVEIRA DIBBERN, MELÂNIA DIRCE OLIVEIRA MARQUES

INSTITUIÇÃO: IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE LIMEIRA

INTRODUÇÃO

O Refluxo Laringo-faríngeo (RLF) é o termo empregado para designar a presença de distúrbios laríngeos associado ao fluxo retrógrado de conteúdo gástrico. Durante a apnéia obstrutiva do sono há aumento da pressão torácica negativa ocorrendo refluxo que promove inflamação crônica da via aérea superior.

OBJETIVOS

Avaliar a associação e influência entre a presença do refluxo faríngo-laríngeo sobre a Síndrome da Apnéia Obstrução do Sono (SAOS).

MATERIAIS E MÉTODOS

Avaliação prospectiva de 107 pacientes com queixa principal de ronco e história clínica sugestiva de apnéia do sono. Todos os pacientes foram submetidos a um protocolo de avaliação incluindo amnamese, escala de Epworth, classificação de Friedman, exame otorrinolaringológico completo com nasofibroscopia e polissonografia noturna . O refluxo faríngo-laríngeo foi avaliado através do Reflux sympton índex (RSI) e o Reflux finding score (RFS). O índice de RSI maior ou igual a 13 e o RFS maior ou igual a 7 são sugestivos de RFL.

RESULTADOs

Foram incluídos nessa pesquisas 84 pacientes que completaram o protocolo. A média do RSI foi de 10,9 ± 7,6 pontos. O RFS alcançou a média de 5,2 ± 3,2 pontos.  Os índices RFS e RSI foram correlacionadas com o IAH, Escala de Sonolência de Epworth e a Eficiência do Sono. A média da Eficiência do Sono foi de 69,1 ± 2,8% nos pacientes com RSI > 13 contra 74,2 ± 2,4% nos pacientes com RSI < 13 (p =0,002). As demais correlações não tiveram significância estatística.          

DISCUSSÃO

A maioria dos eventos de refluxo leva a um microdispertar ou a um despertar maior que 15 segundos na polissonografia. Tais medidas são indicadores de fragmentação do sono. A principal conseqüência da fragmentação do sono é a sonolência diurna excessiva.

Em nossa amostra foram analisados a correlação da presença de RFL clínico e endoscópico com as variáveis definidoras de SAOS e com variáveis que avaliam a fragmentação do sono. Não houve diferença entre o IAH dos pacientes com e sem refluxo, ou seja, a presença de RFL não implica sobre a gravidade da doença.

Na fragmentação do sono foi utilizada a eficiência do sono que quando baixa indica alto número de tempo de vigília durante a noite. Houve correlação positiva entre o RSI e a eficiência do sono. Nos pacientes com sintomas clínicos de RFL tendem a ter um sono com maior fragmentação.           

Não houve associação entre o RFL e a sonolência diurna avaliada pela Escala de Sonolência Epworth (ESE). O refluxo gastresofágico é correlacionado com sonolência diurna mas essa associação não pode ser expandida para o RFL em nossa amostra.

CONCLUSÃO

A correlação do Refluxo Faríngo-Laríngeo com a SAOS é importante, porém, não se correlaciona com a gravidade da SAOS. A fragmentação do sono em pacientes portadores de SAOS é agravada na presença de RFL mas não há repercussão sobre a sonolência diurna em nossa amostra. É fundamental a avaliação do RFL em pacientes portadores de SAOS.

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