Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

RELATO DE CASO (APENAS APRESENTAÇÃO COMO PÔSTER)

P-077

TÍTULO: ASSOCIAÇÃO CLÍNICO RADIOLÓGICA DO ABSCESSO LÍNGUAL

AUTOR(ES): FÁBIO SILVA ALVES , LUANA GONÇALVES DE OLIVEIRA, CARLOS EDUARDO MONTEIRO ZAPPELINI, LUCIANA GIRO CAMPOY BASILE, IVAN DE PICOLI DANTAS, JOSÉ MARIA MORAES DE REZENDE

INSTITUIÇÃO: SANTA CASA DE CAMPINAS

INTRODUÇÃO:

Abscesso lingual é uma entidade clínica incomum. Tem se tornado extremamente raro após a descoberta dos antibióticos sendo relatado somente 200 casos nos últimos 160 anos.(1,2)

A literatura frequentemente omite descrições desta entidade, as quais estão associadas a trauma oral,e corpos estranhos(3).

No entanto esses abscessos apresentam uma morbidade elevada, podendo evoluir rapidamente para complicações como a insuficiência respiratória, pericardite, trombose venosa, rupturas arteriais, choque séptico, e mediastinite (taxa de mortalidade ao redor dos 40%).(4)

O tratamento é eminentemente clínico desde que o abscesso esteja em fase inicial. Em caso de complicações passa a ser indicado a drenagem cirúrgica. O prognóstico é considerado bom.

RELATO DO CASO:

Paciente masculino, 37 anos, branco, procurou serviço ambulatorial de otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Campinas devido disfagia, sialorréia  e dispnéia aos pequenos esforços há 3 dias. Refere ter ingerido há um mês, uma fruta nativa do cerrado brasileiro denominada Pequi (caryocar brasiliense). Notou sensação de corpo estranho em região dorsal  esquerdo da língua. Refere ter “raspado” a língua e manipulado-a inadvertidamente

Ao Exame Otorrinolaringológico apresentou à oroscopia presença de abaulamento da região dorsal e assoalho lingual à esquerda, sialorréia importante e incapacidade de oclusão dentária devido edema lingual. Rinoscopia e Otoscopia sem alteraçöes Os dentes apresentavam-se em mal estado de conservação.

O paciente foi internado sendo prescritos, na admissão, os seguintes medicamentos: Amoxacilina + Ácido Clavulânico, Metronidazol, corticóide em dose  não imunossupressora.

Solicitada Tomografia Computadorizada do Pescoço na qual evidenciou área heterogênea hipodensa com impregnação periférica pelo contraste e focos de necrose no assoalho da boca, notadamente do lado esquerdo, envolvendo a musculatura e língua com extensão ‘as pregas glossoepiglóticas, epiglote e espaço pré-epiglótico e acometimento da prega ariepiglótica esquerda; discreta densificação do espaço parafaríngeo esquerdo, sem sinais de compressões significativas. Foi colhido secreção para cultura e antibiograma.

Foram isolados os seguintes microorganismos na cultura: Klebsiela pneumoniae, Citrobacter freundii, Escherichia coli, Enterococcus faecalis.  Recebeu alta após 10 dias de internação com antibiótico, analgésicos e retorno em 7 dias.

DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS:

Este relato de caso tem o intuito de aumentar o conhecimento entre médicos de emergência e cirurgiões de cabeça e pescoço a respeito dos achados clínicos do abscesso agudo lingual.

Bactérias do tipo Gram positivo, Gram Negativo e anaeróbios estão frequentemente associadas ao abscesso lingual.(5)

Como diagnóstico diferencial temos a Angina de Ludwig que consiste na infecção do espaços submandibulares. De acordo com Grodinsky & Holyoke(6), acomete os dois componentes do espaço submandibular (espaço sublingual e espaço submaxilar).

O diagnóstico de abscesso lingual baseado somente em parâmetros clínicos não é preconizado pela literatura. (1) A tomografia computadorizada, juntamente com a ressonância nuclear magnética, pode nos dar, as dimensões e a localização de um abscesso lingual. Freqüentemente, compromete tanto os espaços cervicais superficiais e como os profundos, evidenciando aumento de partes moles e a perda do contorno ovalado do pescoço nos cortes axiais, que passa a ser arredondado. Além disso, a tomografia computadorizada possibilita ao cirurgião planejar melhor a abordagem no caso de precisar drenar o abscesso ou ainda avaliar a evolução da terapêutica instituída.

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