Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-076

TÍTULO: ASPECTOS DIAGNÓSTICO DO ESTESIONEUROBLASTOMA

AUTOR(ES): MIGUEL SOARES TEPEDINO , THIAGO FREIRE PINTO BEZERRA, FRANCINI GRECCO DE MELO PÁDUA, RENATA LOPES MORI, MARIA DANTAS COSTA LIMA GODOY, RICHARD LOUIS VOEGELS, MARCO AURÉLIO FORNAZIERI

INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INTRODUÇÃO: O estesioneuroblastoma é um tumor nasal raro cuja baixa incidência nas instituições dificulta o estudo dos aspectos da apresentação desta doença ao diagnóstico. Não existem sintomas específicos, assim como para a maioria dos tumores malignos nasais e paranasais. Seu local de origem e os sintomas iniciais e relativamente inócuos de obstrução nasal unilateral e epistaxe conduzem para uma apresentação tardia com extensão para fossa anterior do crânio através da fossa olfatória na maioria dos casos. O estudo deste tumor é complicado por vários fatores: falta de consenso sobre qual o melhor acesso cirúrgico, ausência de um sistema de estadiamento universalmente aceito, as séries heterogêneas com número de pacientes limitados pela baixa incidência em um único centro, e o fato de nestes centros modificações substanciais no tratamento ocorreram ao longo do tempo. Essa disparidade de informações justifica a necessidade de avaliar a nossa experiência com este tumor.

OBJETIVO: Avaliar os aspectos diagnósticos dos pacientes com estesioneuroblastoma em nossa instituição durante um período de trinta anos.

MATERIAL E MÉTODOS: Dezesseis pacientes com diagnóstico histopatológico de estesioneuroblastoma entre 1978 e 2008 foram identificados.  Através de estudo retrospectivo com análise de prontuários, foram colhidos dados epidemiológicos, sintomatologia apresentada até o diagnóstico, e avaliada a extensão da lesão por de exames de imagem e exames endoscópicos, quando presentes. Os pacientes também foram estadiados  conforme os critérios de Kadish e TNM. Foi realizada análise estatística dos dados.

RESULTADOS: A idade dos pacientes variou de 16 a 59 anos (± 33,4 anos) e 75% (12 pacientes) eram do sexo masculino. O tempo médio do início da queixa ao diagnóstico variou de 2 a 60 meses (média de ± 16,5 meses). Os sintomas mais prevalentes no diagnóstico foram obstrução nasal (87,5%), epistaxe (75%), deformidade facial (56,25%), secreção nasal (37,5%) e proptose (37,5%).

Segundo Kadish, o estadiamento foi em 6,25% dos pacientes do tipo A, 37,5% do tipo B e 56,25% do tipo C. Segundo o critério TNM, 12,5% dos pacientes foram classificados como T1, 31,25% como T2, 25% como T3 e 31,25% como T4. Ainda segundo este critério, apenas 12,5% dos pacientes foram classificados como N1 e apenas 12,5% como M1. Não houve correlação entre o estadiamento e a década em que foi realizado o diagnóstico.

CONCLUSÕES: Em nossa instituição nos últimos 30 anos foram mais prevalentes os casos em homens na terceira década e que mais comumente queixaram-se de obstrução nasal e epistaxe. Esses pacientes apresentam uma demora para procurar assistência médica com tempo médio do início dos sintomas ao diagnóstico de 16 meses, refletindo no pequeno número de casos diagnosticados com melhor estadiamento. Na análise dos dados não houve correlação entre o estadiamento e a década em que foi realizado o diagnóstico, o que representa que mesmo com a introdução de novos métodos diagnósticos nossos pacientes ainda chegam com mesmo grau de evolução da doença.

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