Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-065

TÍTULO: APNEIA DO SONO ASSISTIDA X DIAGNÓSTICO POLISSONOGRÁFICO DE APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM ANEMIA FALCIFORME

AUTOR(ES): CRISTINA SALLES , REGINA TERSE TRINDADE RAMOS, CARLA HILÁRIO DALTRO, ANDRÉA BARRAL, MARCOS ALMEIDA MATOS

INSTITUIÇÃO: ESCOLA BAHIANA DE MEDICINA E SAÚDE PÚBLICA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Introdução: O principal aspecto da fisiopatologia da Anemia Falciforme (AF) é a crise vaso-oclusiva, resultante da polimerização da HbS, levando as hemácias a assumirem o formato de foice, obstrução de vasos sanguíneos de pequeno calibre, hipóxia tecidual, necrose e intensa dor. Ao passo que a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) é definida como episódios recorrentes de obstrução completa ou parcial das vias aéreas superiores que ocorrem durante o sono.  A presença da SAOS pode ser um fator de piora da hipoxemia noturna, na AF, concorrendo para a ocorrência da síndrome torácica aguda. Entretanto, pouco tem sido descrito sobre a sobreposição da SAOS na AF, especialmente quanto a possível associação entre os sintomas relacionados aos distúrbios respiratórios do sono (DRS) referidos pelos pais ou responsáveis com o diagnóstico da SAOS através da polissonografia, em crianças e adolescentes com AF.

Objetivo: avaliar possível associação entre os sintomas dos distúrbios respiratórios do sono referidos pelos pais de crianças e adolescentes com AF e o índice de apnéia e hipopnéia observado através da polissonografia.

Métodos: trata-se de estudo do tipo corte transversal, em 85 crianças e adolescentes portadoras de AF. Foi aplicado questionário para investigar características relacionadas com distúrbios respiratórios do sono e características sócio-demográficas, que foram respondidas pelos pais ou responsáveis. Todos os 85 pacientes foram submetidos a polissonografia noturna. Para tabulação e análise dos dados: programa estatístico SPSS. As variáveis quantitativas foram expressas através de média ± desvio padrão ou mediana e amplitude interquartil. As variáveis qualitativas foram expressas através de freqüências simples e relativas, e como medida de associação foi utilizada a razão de prevalência.

Resultados: Da amostra original de 100 pacientes, 85 realizaram todas as etapas da pesquisa. As perdas foram devido a indisponibilidade dos responsáveis. A média da idade dos participantes: 9,3 ± 3,9 anos, sendo 58,8% do gênero masculino, e 71,8% se auto-definiram como pardos. O diagnóstico da SAOS em crianças e adolescentes portadores da AF foi determinada, através da polissonografia, em 9 pacientes, ou seja, a prevalência da SAOS nessa população foi de 10,6%, e a do ronco foi de 44,7%. As crianças e adolescentes portadoras de AF apresentaram razão de prevalência de desenvolver a SAOS quando tinham queixa de apnéia do sono assistida (9,4 vezes), rinorréia desencadeada por alergenos (9,0 vezes), e finalmente para aqueles com queixa de ronco (4,5 vezes), referida pelos pais ou responsáveis.

Conclusão: Foi observado associação entre apneia do sono assistida, rinorréia desencadeada por alérgenos e ronco referidos pelos pais de crianças e adolescentes com Anemia Falciforme com  o índice de apneia e hipopneia observado através da polissonografia.

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