Suplemento Vol.76 (5) Set./Out. 2010

TRABALHO CLÍNICO

P-047

TÍTULO: ANÁLISE DA SAÚDE VOCAL DE MÚSICOS DE INSTRUMENTOS DE SOPRO

AUTOR(ES): FRANCISCO XAVIER PALHETA NETO , THAIANE LIMA LAGE, JOÃO VICTOR TEIXEIRA HENRIQUES, ANGÉLICA CRISTINA PEZZIN PALHETA, LORENA GONÇALVES RODRIGUES, MURILLO FREIRE LOBATO, LARISSA MAGALHÃES NAVARRO

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INTRODUÇÃO: Os músicos tocadores de instrumento de sopro são um grupo bastante específico de indivíduos que usa o trato vocal intensamente no exercício de suas atividades profissionais. Curiosamente, pouco ou nada temos relatado sobre a atuação direta da laringe nesta modalidade profissional. Em parte isto se deve à noção histórica de que as pregas vocais não atuariam diretamente na produção do som do instrumento, sendo o esforço feito apenas pela musculatura respiratória e oromandibular, e que a laringe deveria estar aberta para permitir a passagem do ar. Entretanto, estudos mostram que uma das queixas mais comuns nesses músicos foi a disfonia devido intenso uso do trato vocal no exercício de suas atividades profissionais, mesmo quando “não falavam nada”.

OBJETIVO: Analisar a ocorrência de distúrbios vocais nos músicos de instrumentos de sopro da Fundação Carlos Gomes da cidade de Belém-Pará, e avaliá-los comparativamente.

METODOLOGIA: Foram entrevistados 93 músicos de sopro de diversos instrumentos através de questionários elaborados pelos pesquisadores, observando-se as principais queixas, hábitos e aspectos profissionais.

RESULTADOS: Foram estudados 34 músicos tocadores de saxofone, 14 de clarinete, 12 de trompete, 11 de trombone, 6 de flauta, 6 de tuba, 3 de trompa, 2 de oboé, 2 de bombardino, 2 de euphonium e 1 de fagote. Nesta casuística, 54,48% dos músicos têm mais de 20 anos de idade; 25,8% foram considerados sintomáticos, apresentando três ou mais queixas, principalmente dor ou irritação na garganta, pigarro, rouquidão e dor no pescoço. Destes músicos considerados sintomáticos, 11,82% tocam saxofone, 5,37% trompete, 4,3% trombone, 3,22% clarinete e 1,07% flauta. Dos sintomáticos, 70,91% tocavam instrumento por dois a sete anos. Quando separados por grupos de acordo com o instrumento, os músicos de trompete foram os que mais apresentaram queixas vocais, tendo um percentual de 41,66% de sintomáticos. O segundo grupo mais sintomático foi o do trombone, com 36,36%, seguido pelo grupo do instrumento saxofone, com 32,35%.  Do total de entrevistados, apenas 37,6% receberam algum tipo de orientação sobre cuidados vocais, como a necessidade de aquecimento vocal, hidratação, alimentação, entre outras; 50,53% bebem menos de dois litros de água ao dia; 54,53% realizam alguma outra atividade profissional relacionadas ao uso da voz, como canto ou dar aulas.

CONCLUSÃO: Questões médicas são problemas significativos em músicos de instrumento de sopro. Diante disso, observa-se que esses músicos devem ser incluídos no grupo dos chamados profissionais da voz e serem melhores estudados, pois possuem demandas vocais bastante específicas.

Fechar